Na última terça-feira (14), a Associação Japonesa de Arte tornou pública a lista dos vencedores da 32ª Edição do Praemium Imperiale. O grande destaque deste ano foi o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, selecionado na categoria de pintura, uma vez que não há categoria exclusiva de fotografia na premiação.
O prêmio, de 15 milhões de ienes (cerca de R$ 700 mil reais) para cada selecionado, tem frequência anual e relevância internacional, sendo considerado pelo circuito como o “Nobel das Artes”.
A instituição se refere ao trabalho de Salgado como “obras que destacam os despossuídos e explorados, a beleza da natureza e a fragilidade do mundo e dos seus habitantes”.
Sebastião Salgado se dedica à fotografia desde 1973, quando começou a trabalhar em agências como Magnum Photos em Paris, até abrir sua própria em 1994. Seu trabalho se desenvolve a partir de uma estética personalizada com o uso da luz evidenciando as texturas e nuances dos seus motivos. Sua obra é referência em qualquer diálogo sobre fotografia.
O artista desenvolve não só um trabalho fotográfico com olhar crítico aos aspectos ambientais e sociais, mas seu trabalho se desdobra para o ativismo ambiental. Junto à sua esposa Lélia Wanick, fundou o Instituto Terra em 1998, uma organização sem fins lucrativos para a restauração ambiental e o desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce.
O último trabalho, Amazônia, é uma série de fotografias desenvolvidas ao longo de sete anos, no qual celebra a cultura e os saberes tradicionais, buscando retratar “a Amazônia viva”, como diz à Veja Paris. Ao mesmo tempo, parte da sua experiência para manifestar os crimes ambientais cometidos na região, além de refletir sobre os prejuízos sociais, econômicos e culturais do descaso do governo brasileiro com o local.
O livro homônimo foi produzido ao lado da exposição itinerante atualmente em cartaz em Paris. A exposição passará pelo Brasil no início do próximo ano e apresenta 200 painéis fotográficos feitos em cerca de 50 viagens do artista entre os anos de 2013 e 2019.
A prévia da mostra foi apresentada ainda ontem na participação de Sebastião Salgado na reunião do Observatório do Meio Ambiente, coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça. Nesta reunião, o artista falou sobre a importância da Amazônia como “capital fabuloso das gerações futuras do Brasil”.
Ao seu lado, na premiação da Associação Japonesa de Artes, foram selecionados James Turrell na categoria de escultura, Yo-Yo Ma na música, ambos estadunidenses, e o artista australiano Glenn Murcutt na arquitetura. A categoria de Teatro/Filme não foi contemplada em razão do impacto da pandemia do coronavírus. Segundo a instituição, vários candidatos não conseguiram cumprir os requisitos e por isso nenhum foi selecionado.
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Victoria Louise é crítica e produtora cultural, formada em Crítica e Curadoria e Gestão Cultural pela PUC-SP
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