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Para além das bandeirinhas: a cultura popular na obra de Alfredo Volpi no MASP

Publicado por Victoria Louise em 14/03/2022
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Enquanto o impacto das investidas modernistas na arte brasileira no início do século passado é celebrado – partindo especialmente da Semana de Arte Moderna de 1922 -, refletimos o que há de popular e tangível dentro das infinitas ramificações modernas na arte desde então.

Dentro dessa reflexão o MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – dá sequência a uma série de exposições individuais partindo de produções artísticas do século passado que, dentro de uma plasticidade modernista, exploraram temas populares. Depois de Portinari Popular e Tarsila Popular, apresentadas respectivamente em 2016 e 2019, a individual Volpi Popular chega ao primeiro andar da instituição na Avenida Paulista com curadoria de Tomás Toledo, o curador-chefe da instituição.

O popular em Volpi

Nascido na Itália em 1896 e tendo se mudado para São Paulo ainda pequeno, Alfredo Volpi se aproximou de elementos populares que o rodeavam ao longo de sua vida. Tais elementos foram materializados em sua obra, sobretudo na pintura, e se tornaram pontos de partida para a curadoria desta exposição.

Vista do eixo Fachadas. Foto: Diogo Barros.

A exposição possui 7 eixos temáticos que vão se intercalando na expografia que forma um tipo de labirinto facilmente transitável. Os eixos amarram diversos períodos da produção do artista sem seguir uma cronologia, aproximando as obras por pontos em comum, sendo eles: Santos e Santas; Retratos; Cenas Urbanas e Rurais; Marinhas; Temas Náuticos e Lúdicos; Fachadas e Bandeiras e Mastros.

O início da exposição se dá com o conjunto de Santos e Santas que já demonstra a dimensão pictórica e discursiva da obra de Volpi. Tais obras apresentam aspectos marcantes do artista como a figura humana composta de traços simplificados e diretos, seu uso característico de cores, e uma geometrização flexível.

Detalhe de Sem título (Santa Luzia), início da década de 1960.  Foto: Diogo Barros.

Exceto pelas obras mais antigas, pelas quais percebemos uma fase de estudos do artista, o conjunto reunido na exposição valoriza uma das marcas mais reconhecíveis de Volpi, a textura de sua pincelada. Com uma tinta têmpera de produção própria, o artista revelava o caminho e a direção de sua pincelada. Na maioria das pinturas é possível enxergar a tela, a base da obra, que acaba se tornando composição.

Ao mesmo tempo que esse fundo mais claro se mostra visível, a vibração das cores utilizadas por Volpi saltam nas pinturas. Chama a atenção o uso do azul em diversos tons, por exemplo. O artista explorou a potência da cor em sua forma plena, evitando na maioria das vezes o sombreamento de alguma superfície, optando por uma coloração chapada. Isso não significa que sua pintura não possui profundidade, já que a geometria se tornou um campo fértil de experimentação das dimensões e dos planos.

Alfredo Volpi. Sem título, final da década de 1970. Foto: Diogo Barros.

A geometria das fachadas e bandeirinhas

O mergulho geométrico que Volpi realiza em sua obra parece partir justamente dos elementos populares presentes em sua poética. As fachadas arquitetônicas e as bandeirinhas – que se tornaram símbolo máximo de reconhecimento de sua obra – foram pintadas em diversos níveis de geometrização e espacialização dos elementos.

Em determinado momento, as fachadas que foram rigorosamente organizadas com portas e arcos lado a lado, passam a ser apresentadas em composições dispersas, mas ainda geométricas. É como uma sintetização de um universo próprio. Contudo, é importante notar que este não é um movimento linear na obra do artista, que caminha entre essas variações de composição e geometrização.

Detalhe de Fachada com bandeira, 1959. Foto: Diogo Barros.

A repetição é fundamental em diversas composições de Volpi. Em muitas pinturas as bandeirinhas parecem se replicar para entrar em harmonia com as fachadas. Em outros momentos elas se repetem em dimensão mas se diferenciam em tonalidades. Já o mastro, que se revela no último momento da exposição, aparece inclinado, cortando a tela e criando momentos diferentes dentro da pintura de bandeirinhas.

Em uma tela de fachada diversos eixos pensados na curadoria, presentes no universo temático de Volpi, se reúnem. Um santo em uma bandeira, portas e janelas, mastros e bandeirinhas e a pincelada marcante do artista, tudo se harmoniza e reconstrói o universo do artista.

Alfredo Volpi. Fachada, meados da década de 1950. Foto: Diogo Barros.

Visitar a exposição Volpi Popular é uma oportunidade de mergulhar em um universo pictórico que muitas vezes nos chega de modo disperso e com pouca profundidade. A reunião desses trabalhos – e os diversos eixos que as permeiam – possibilita uma visão panorâmica de uma obra tão reconhecível – que aparece até em atividades escolares – e carrega muito além do que já conhecemos de costume. A impressão das cores e da textura em cada pintura certamente são experiências únicas para quem tem a chance de vê-las pessoalmente.


SERVIÇO

Exposição “Volpi Popular”
MASP | Museu de Arte de São Paulo
Abertura 25 de fevereiro
Encerramento 05 de junho de 2022
Endereço: Av. Paulista, 1578, São Paulo, SP
Funcionamento: Terça Grátis Qualicorp 10h-20h (entrada até 19h); Quarta-domingo 10h-18h (entrada Até 17h); Segunda fechado.


Diogo Barros é curador, arte educador e crítico, formado em História da Arte, Crítica e Curadoria pela PUC SP.

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