A arte moderna brasileira surge em contraponto à arte acadêmica, que representava cenas históricas e mitológicas de modo realista. De forma consciente, os modernistas tinham como princípio novos caminhos para arte, desde abordar temáticas mais populares, a trazer novas preocupações estéticas, com representações mais experimentais.
O modernismo no Brasil é fortemente associado à Semana de Arte Moderna de 1922, evento que contou com a presença de grandes artistas como Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret, e poetas como Mário de Andrade e Graça Aranha, além do compositor Villa-Lobos. Também presente na semana, a artista brasileira Anita Malfatti, que estudou na Alemanha e presenciou o auge do movimento expressionista, é apontada como uma das responsáveis por trazer as influências modernistas para o Brasil em 1917, quando expôs individualmente pela primeira vez.
Hoje, estudos demonstram que o modernismo brasileiro ocorreu em diversas regiões e temporalidades para além da semana de 1922, como foi o caso de Pernambuco, por exemplo, com produções de Cícero Dias, outro expoente dessa fase.
Na arte, o conceito também é conhecido como “movimento antropofágico”, que tem origem no Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade em 1928, inspirado pela sua leitura da pintura Abaporu, de Tarsila do Amaral. Se apropriando das reflexões acerca do canibalismo, a antropofagia é reconhecida como uma das principais teorias culturais nacionais, pela qual se compreende a forma como nós brasileiros absorvemos influências da cultura européia e de outras para, a partir disso, produzir algo novo e genuíno.
Possuindo muitas vertentes, como o abstracionismo geométrico e o expressionista, a arte abstrata tem origens conhecidas pelas pesquisas do russo Wassily Kandinsky, do neerlandês Piet Mondrian, entre outros. A principal característica dessas produções é a desconstrução da forma, em oposição à arte figurativa. Seja geométrica e racional ou mais orgânica e sensível, a abstração na arte valoriza os elementos plásticos, como as formas e as cores. Esse conjunto de estilos nunca deixou de gerar novas pesquisas e formas de expressão, seja na pintura, na escultura, e demais linguagens artísticas.
Tendo como auge as vanguardas artísticas, movimentos de influências artísticas bem definidas, a arte moderna europeia é marcada por uma sucessão de transformações em diversos âmbitos culturais, especialmente as artes plásticas. Tendo como ponto de partida a virada do século XIX para o século XX, essa série de movimentos e estilos, que influenciam a arte até hoje, surgem com questionamentos próprios, especialmente em respeito ao modo de representação do mundo pela arte. Entre os movimentos mais conhecidos, podemos citar o expressionismo, o cubismo, o surrealismo, o futurismo e o fauvismo.
Considerado o primeiro movimento de vanguarda, o impressionismo ocorreu na França entre o meio e o final do século XIX. A origem do nome é a obra de Claude Monet, Impressão, Sol Nascente de 1872, que intitula a “Exposição dos Impressionistas”, a primeira aparição do grupo de pintores que exploravam novas formas de expressar o mundo através de estudos de luz. Entre eles estavam: Pierre Auguste Renoir, Alfred Sisley, Frédéric Bazille, Camille Pissarro, Paul Cézanne, Edgar Degas, Berthe Morisot e Armand Guillaumin.
Do francês “fauves” que significa “feras”, o movimento não se aproxima de outras vanguardas europeias que tinham fundamentos teóricos e uma organização mais intencional. Antes, se configura como uma fase pela qual uma série de artistas experimentam cores vibrantes, formas não tão polidas e planos chapados. Seu maior expoente foi Henri Matisse, mas nomes como Albert Marquet, André Derain, Maurice de Vlaminck, Raoul Dufy e Georges Rouault, artistas que estavam presentes na primeira aparição do grupo fauvista no Salão de Outono de Paris em 1905.
Georges Braque e Pablo Picasso são conhecidos por dar início a este movimento baseado na desconstrução e reconstrução da figuração na arte. Estes artistas teriam como um ponto de partida a obra de Paul Cézanne, a quem é atribuída uma das maiores influências para a desconstrução da pintura entre os séculos XIX e XX. Neste tipo de obra, as composições extremamente geometrizadas apresentam objetos em diversos ângulos e perspectivas ao mesmo tempo. A técnica da perspectiva matemática na pintura, construída e mantida por séculos como uma ilusão ótica, é quebrada neste e em outros movimentos de vanguarda.
Um dos mais ousados movimentos artísticos do início do século XX, o dada se destacou por sua contestação de sistemas culturais e questionamentos no mundo da arte. Sua fundação oficial ocorreu com o nascimento do Cabaré Voltaire em 1916, em Zurique, um espaço multifuncional criado pelos artistas e escritores H. Ball e R. Ruelsenbeck e Hans Arp.
A aleatoriedade e o acaso eram fundamentais para os artistas que buscavam uma fonte na irracionalidade. Essa característica está presente inclusive na origem do nome, que em francês significa “cavalo de brinquedo”, termo que em nada se relaciona com qualquer questão do movimento, a não ser a própria aleatoriedade da escolha. O movimento encontra ecos em outros lugares e artistas, como Marcel Duchamp, Man Ray, Max Ernest, entre outros.
Como origem histórica, o expressionismo remonta o contexto do início do século XX na Alemanha. Como principais características, temos a distorção das formas, o uso de cores fortes e escuras, e o apelo pela transmissão de sentimentos extremos. Edvard Munch é a maior referência do expressionismo alemão, acompanhado de nomes como Ernst Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff, Erich Heckel, Emil Nolde e Ernst Barlach. O movimento encontra reverberações após a Primeira Guerra Mundial, com grandes produções de Otto Dix e George Grosz, por exemplo.
O surrealismo foi o movimento que mais se aproximou do mundo dos sonhos, da busca pelo inconsciente. Seu fundador foi André Breton, e a figura mais emblemática foi Salvador Dalí, que explorou diversas linguagens como pintura, colagem, desenho e audiovisual. Outros nomes como Dorothea Tanning, Gertrude Abercrombie e Alberto Giacometti, figuram artistas que exploraram o poder do imaginário livre para a criação artística.
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Diogo Barros é curador, arte educador e crítico, formado em História da Arte, Crítica e Curadoria pela PUC SP.
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