No dia 10 de dezembro de 2023, chegou ao fim a 35° edição da Bienal de São Paulo, intitulada “Coreografias do Impossível”. Embora a mostra tenha se encerrado, as experiências e os encontros proporcionados por ela estão longe de acabar. No mês que marca o fechamento da exposição no Pavilhão Ciccillo Matarazzo e o início de sua itinerância pelo Brasil, a Fundação Bienal lançou o podcast “Em obras”, que apresenta conversas e entrevistas com curadores e artistas convidados da 35° Bienal.
A iniciativa é oferecida pela marca italiana Bulgari e produzida pela Trovão Mídia. Funciona como uma “experimentação em áudio” – uma forma de dar continuidade às discussões apresentadas durante a 35° Bienal. Além disso, o projeto atua, ainda, como uma maneira de estimular o conhecimento sobre arte contemporânea e ampliar a divulgação do trabalho desses artistas para um público cada vez mais amplo e diverso.
Com 14 episódios inéditos, o podcast se divide em diferentes temáticas, abordando desde o processo criativo de determinadas produções, até o debate de questões contemporâneas levantados pelas obras. Todos os áudios podem ser acessados pelo site da Fundação Bienal ou pelas plataformas do Spotify, Apple Podcasts, Deezer e Amazon Music. Até o momento, já estão disponíveis os três primeiros episódios do projeto, além de uma gravação extra, realizada pela curadora Diane Lima e o artista Gabriel Massan.
No primeiro episódio, lançado no dia 4 de dezembro, a arquiteta e urbanista Louise Lenate, curadora da 13a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, conversou com o artista e ativista Denilson Baniwa, um dos principais nomes da arte indígena contemporânea. No bate-papo, eles trataram de temas como a história do Parque Ibirapuera, local onde é realizada a Bienal, e qual a relação deste ambiente com a arte. Abordam, por exemplo, a instauração de monumentos e esculturas públicas em São Paulo durante a década de 1950 e o apagamento das comunidades indígenas que viviam nesta região anteriormente, buscando compreender o diálogo entre a narrativa modernista do parque e a produção de Baniwa para esta Bienal.
No segundo episódio, a artista carioca Tadáskia compartilhou partes do processo criativo e de elaboração das obras “Desenhando animada” e “Ave preta mística”. Ela conta como sua sensibilidade foi desenvolvida ao longo de toda a vida, não apenas dentro do campo artístico, e como perceber isso foi um passo importante para sua produção. Revisitando momentos importantes de sua história, Tadáskia explica como ela se utiliza de materiais como tábua, bambu, cascas de ovos e pó facial para tratar de questões existenciais, ligadas à liberdade e às experiências sensoriais.
Já no terceiro episódio, a pesquisadora e professora Diane Moura conversa com a artista e educadora Inaicyra Falcão, debatendo sobre a educação e as políticas de ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena. Nesta conversa, Inaicyra conta sobre a obra comissionada “Tokunbó: sons entre mares”, composta por um conjunto de publicação, gravação, apresentação de disco e performance lírica. O projeto tem uma função documental, mas não só: é uma junção de performance, memória e ancestralidade.
Os demais episódios do podcast serão lançados nas próximas semanas, com o objetivo de difundir as coreografias do impossível praticadas ao longo de três meses de Bienal. “Em obras” é uma oportunidade imperdível de adentrar no universo dos artistas e conhecer a fundo suas produções.
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