Um autorretrato inédito do pintor Vincent Van Gogh é encontrado nesta quinta-feira (14); a informação é da Galeria Nacional da Escócia em Edimburgo. O autorretrato foi descoberto após estudos de raios-X da tela o “Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa)” de 1885.
A tela passou por estudos para a curadoria de uma exposição sobre obras impressionistas quando a equipe da instituição percebeu que, abaixo da camada visível do retrato da mulher, estava uma outra pintura: um autorretrato do próprio artista.
Neste autorretrato está um homem barbudo, com chapéu, lenço amarrado no pescoço e a orelha esquerda intacta, o que indica que possivelmente foi pintado antes do famoso acidente que acompanha a história do artista em que ele corta a própria orelha. Em outro autorretrato, feito anos depois em 1889, o que vemos é uma outra face do artista em que este se encontra fumando um cachimbo e com a cabeça enfaixada na altura da orelha.
Os pesquisadores da instituição agora estudam as possibilidades de separação das duas superfícies sem causar danos às pinturas. Este é um trabalho delicado que envolve conhecimento técnico em conservação e restauro.
Uma descoberta como essa acontece uma ou duas vezes num período de vida de um técnico da conservação, segundo a especialista Lesley Stevenson.
Um motivo provável para o artista ter optado pela sobreposição é a economia de materiais.
O “Retrato de Mulher (Cabeça de Camponesa)” estará em exposição na Galeria Nacional da Escócia durante o período de 30 de julho a 13 de novembro de 2022, junto com a reprodução da radiografia.
Esta não foi a única obra inédita de autoria do artista apresentada ao público nos últimos anos. Em 2021, a tela “Street scene in Montmartre” (1887) foi apresentada pela casa de leilão Sotheby’s após 100 anos em coleção privada.
Vincent Van Gogh é um dos artistas mais relevantes da história da arte e a pesquisa que envolve seu trabalho sempre traz novas possibilidades de leitura. É o caso deste autorretrato como também do lançamento do livro de Rodrigo Naves lançado em 2021, ou da exposição imersiva Beyond Van Gogh com projeção de cerca de 300 pinturas.
Apesar de não ter ganhado notoriedade em vida, a obra de Van Gogh atualmente atinge grandes proporções em termos econômicos, educativos e artísticos. Uma das formas de valorizar a memória e fazer uma homenagem ao seu trabalho foi a transformação de duas das casas em que morou em museus abertos a visitação como o Van Gogh’s House London, na Inglaterra e a Maison de Van Gogh, na França.
Victoria Louise é jornalista cultural, formada em Crítica e Curadoria da Arte e Gestão Cultural pela PUC-SP.
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