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Flávia Junqueira ambienta a nostalgia da infância no Centro Cultural Fiesp

Publicado por Victoria Louise em 28/10/2024
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A memória da infância pode ser acessada por uma pessoa adulta através de uma infinidade de símbolos, afinal, cada pessoa possui uma coleção particular de lembranças dessa fase da vida, marcada por brincadeiras, objetos, paisagens, cheiros, entre outros elementos. Todavia, existe uma gama de símbolos que configuram certo imaginário coletivo de infância. Eles são replicados em filmes, propagandas, brinquedos, parques, e obras de arte. É no estudo desse imaginário que encontra-se o trabalho de Flávia Junqueira, artista que explora temáticas como a ludicidade, infância e nostalgia na arte através de balões coloridos, cavalos de carrossel, bolhas de sabão e outros. 

No final de setembro o Centro Cultural Fiesp inaugurou “Extasia”, a primeira exposição que apresenta a produção da artista de forma panorâmica, contemplando suas diversas áreas de atuação, incluindo a fotografia, iluminação, cenografia, escultura e instalação. 

Flávia Junqueira, Parque Henrique Lage #2, 1957 (2021). Imagem: divulgação. 

Flávia Junqueira é conhecida especialmente por sua experimentação com a fotografia encenada, estilo caracterizado pela construção de imagens com alto nível de planejamento. 

Apesar da encenação ser um aspecto presente desde os primórdios da fotografia, o estilo de fotografia encenada ganhou novos contornos a partir dos anos 1980, afirma a artista em entrevista concedida à Artsoul em 2020. 

Em grande parte das fotografias produzidas pela artista, o universo lúdico da infância é evocado em espaços emblemáticos e com riqueza de elementos arquitetônicos, como salas de teatros antigos, bibliotecas, entre outros espaços públicos. Em impressões geralmente de média e grande escala, as fotografias promovem um forte impacto visual, com cores vibrantes que reforçam o caráter onírico proposto. As composições meticulosas de Junqueira combinam exuberância e equilíbrio, especialmente no momento de enquadrar os balões em cada área da imagem. 

Flávia Junqueira. Real Gabinete Português de Leitura #1, 1837 (2021). Imagem: divulgação. 

Algumas dessas fotografias foram produzidas durante a recente pandemia, contexto que justapõe mais uma camada à solitude encontrada nas imagens construídas pela artista. No trabalho “Real Gabinete Português de Leitura #1, 1837”, de 2021, por exemplo, uma das bibliotecas mais icônicas do país é tomada por balões e bolhas de sabão, enquanto as mesas de leitura, vazias, apontando um cenário em que os espaços públicos estavam mais próximos de uma memória do que algo tangível.

Na exposição do Centro Cultural Fiesp, as fotografias são apresentadas em paredes com angulações que dinamizam o espaço, propondo uma visitação circular. 

Vista de “Extasia”, exposição de Flávia Junqueira no Centro Cultural Fiesp. Foto: Diogo Barros. 

A curadoria de Bianca Coutinho Dias trabalhou a obra de Junqueira em seu aspecto mais sensorial, considerando o papel dos sentidos no acesso à nostalgia. “Extasia”, título da exposição, propõe a indução a um estado de êxtase através da fantasia, como sugere a curadoria. Para ampliar o universo das fotografias, o espaço expositivo foi tomado por objetos próprios da poética de Junqueira, como balões, papéis picotados, cortinas de teatro, superfícies douradas e lâmpadas coloridas.

Vista de “Extasia”, exposição de Flávia Junqueira no Centro Cultural Fiesp. Foto: Diogo Barros. 

O universo formulado por Junqueira amplifica uma percepção de que a infância é um período marcado pelo entrelaçar da fantasia e o mundo real, com potencial imaginativo em pleno transbordar. O distanciamento dos objetos e dos cenários, bem como seu aspecto vintage, são chaves da ideia de nostalgia atrelada à infância na poética da artista. 

Os objetos selecionados cuidadosamente pela artista têm em comum sua universalidade. São símbolos que remetem a um período que toda pessoa vivencia – e mesmo que esses elementos não tenham sido individualmente acessados, já estão contaminados em um imaginário coletivo. Contudo, é notável o esforço da artista em reelaborar as funções de tais objetos, buscando subverter seu valor. Exemplo direto desse movimento é Cavalo I, escultura em que a artista instala um cavalo de carrossel de cabeça para baixo. Ao invés de girar no entorno de uma grande estrutura, como os tradicionais carrosséis, o cavalo gira no próprio eixo. 

Flávia Junqueira. Cavalo I, 2024. Foto: Diogo Barros. 

A exposição ainda traz um videoarte projetado em um telão, e um making of dos bastidores das produções fotográficas. A combinação de tantos elementos marcantes encontrados em “Extasia”, envoltos de estímulos visuais e sonoros, oferecem ao público não somente uma experiência nostálgica, mas também melancólica. Resgatar memórias da infância envolve relembrar a espontaneidade em experienciar as coisas mais simples e mais fantásticas – um lembrete sobre como estar aberto àquilo que não se domina. Afinal, entrar no mundo dos sonhos é uma oportunidade rara atualmente, e esse é um ponto forte da exposição.

Diogo Barros é curador, arte educador e crítico, formado em História da Arte, Crítica e Curadoria pela PUC SP.

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