Artsoul entrevista Lucas Cimino, galerista à frente da Zipper Galeria. Situada nos Jardins, em São Paulo, a galeria é conhecida por trabalhar com a propostas artísticas inovadoras ao promover artistas jovens da arte contemporânea, bem como a pluralidade de linguagens e suportes. Lucas Cimino nos conta os caminhos que o projeto percorreu e aponta nomes de artistas que cresceram junto à Zipper e hoje são destaque no mercado.
Artsoul: O que inspirou o projeto de criação da galeria?
Lucas Cimino: O espírito de renovação e a vontade de inovar foram as nossas principais inspirações. Tanto é que meu pai, Fábio Cimino, meu sócio e fundador da Zipper, buscou inspiração em um trabalho do Nelson Leiner para nomear a galeria. Como se sabe, Nelson é um dos nomes mais irreverentes e provocativos que temos na arte contemporânea brasileira… Foram estes desejos que deram base para a criação da Zipper Galeria, em 2010. Nascemos com o foco na produção de artistas jovens, com linguagem jovem. A jovialidade ainda é uma das características que nos destaca no mercado de arte no Brasil, embora a passagem do tempo tenha trazido muita maturidade para nós e para os artistas que representamos desde os primeiros anos da galeria.
Artsoul: Quais os critérios para seleção dos artistas representados?
Lucas: A afinidade com o programa da galeria é o principal critério, independentemente do meio em que o artista produz. A busca fundamental é por incrementar, complementar e diversificar nosso programa.
Artsoul: Quais trabalhos e quais artistas da Galeria você considera de mais destaque no momento?
Lucas: Por incrível que pareça, esta é uma pergunta muito difícil, pois cada artista tem um lugar insubstituível no programa da galeria. E, hoje, é justamente a diversidade de artistas e técnicas que definem nosso programa. Então, vou citar alguns nomes com quem trabalhamos há muitos anos e alguns que passamos a representar recentemente. Entre os artistas mais antigos da casa, destaco João Castilho, Camila Soato, Flávia Junqueira, Janaina Mello Landini, Fernando Velázquez e Camille Kachani. Cada um deles têm produções muito próprias, que alicerçam o programa da Zipper. E, entre artistas que passamos a representar mais recentemente, destaco Hildebrando de Castro, Fábio Baroli, Celina Portella e Rodrigo Braga. Eu vislumbro uma parceria longeva com estes artistas.
Artsoul: Neste último ano, com as medidas de isolamento, quais os maiores desafios que a Galeria enfrentou para continuidade do trabalho? Alguma mudança permanente que a pandemia trouxe?
Lucas: A pandemia veio reforçar algo que sempre defendemos e buscamos desenvolver e fortalecer desde o início: a presença nos meios digitais. Muito do que foi iniciado por outros nesta fase difícil pela qual estamos todos atravessando — como Tour Virtuais 3D, foco em atendimento online, relacionamento com o público em mídias sociais, ferramentas digitais de gestão, produção de conteúdo exclusivos para o ambiente virtual — já era uma realidade para a Zipper Galeria. Nós não acreditamos que haverá algum dia uma inversão da importância da experiência presencial em relação à presença virtual, mas sempre procuramos ser fortes em ambos. Hoje, somos a galeria com maior número de seguidores nas mídias sociais da América Latina. É uma marca importante. Mas também não vemos a hora de voltar a realizar eventos presenciais. A energia do público não tem igual.
Artsoul: Quais as contribuições mais significativas da Galeria para o mercado de arte brasileiro?
Lucas: Eu avalio que são muitas as contribuições da Zipper Galeria para o mercado de arte no país. A primeira delas, talvez a mais importante, está ligada à promoção e apoio a uma produção artística muito singular. Muitos dos nomes que vão marcar uma geração da arte brasileira foram lançados pela galeria e são continuamente apoiados por nós. Citei alguns deles em uma pergunta anterior: João Castilho, Camila Soato, Flávia Junqueira, Janaina Mello Landini, Fernando Velázquez, Pedro Varela. Na outra ponta, do lado dos colecionadores, eu tenho muito orgulho em dizer que a Zipper Galeria assumiu o papel de desenvolver o colecionismo. Muitos de nossos clientes compraram sua primeira obra de arte na Zipper e, depois, incorporam o hábito de colecionar a partir disso. Ou seja, esta contribuição vai muito além das portas da galeria e se expande para o conjunto de galerias, museus, instituições de São Paulo, especialmente.
Artsoul: Gostaríamos de saber algumas das suas indicações para o público acessar neste momento de distanciamento social.
Lucas: Tenho estudado muito sobre NFT e as aplicações dele no universo da arte, de diversas fontes diferentes. Um mundo novo, de possibilidades novas! Pelo que entendo, um universo complementar, e não concorrente.
Entrevista concedida por Lucas Cimino por e-mail em abril de 2021.
Victoria Louise é crítica e produtora cultural, formada em Crítica e Curadoria e Gestão Cultural pela PUC-SP
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