A Artsoul conversou com Tina Zappoli, galerista fundadora e sócia da Galeria Tina Zappoli. Ela nos conta sobre a longa trajetória da galeria e a importância da circulação da Arte Popular Brasileira no circuito. Indica ainda um livro essencial, segundo ela, para entender a história do gênero feminino na arte.
Tina Zappoli por Marinho Neto (sócio da galeria) e um artista do grupo – Imagem cedida pela galerista
Artsoul – O que inspirou o projeto de criação da sua galeria?
Tina Zappoli – Nossa galeria é muito antiga. Completamos 40 anos este ano. Mas na verdade, quando pensamos em abrir a galeria, eu e meus sócios na época, eu já tinha 7 anos de mercado. Então foi uma decorrência natural do meu trabalho anterior e por isso a galeria levou meu nome: porque eu já era conhecida.
Artsoul – Quais os critérios para seleção dos artistas representados?
Tina Zappoli – Somos muito intuitivos em nossas escolhas. A obra do artista tem que nos dizer alguma coisa, se não, não interessa. Pode ter o currículo que for ou a fama que tiver. Temos que ter empatia com ele também: é uma relação de confiança mútua muito forte.
Itelvino Jahn com escultura chegando na galeria – Imagem cedida por Tina Zappoli
Artsoul – Quais trabalhos e quais artistas da galeria você considera de mais destaque no momento?
Tina Zappoli – Nosso acervo de arte popular brasileira e a obra de artistas como Cabral, Itelvino Jahn, Denise Iserhard Haesbaert, Felipe Goes, Iuri Sarmento e Jorge Leite que habitam em harmonia nosso espaço expositivo, definem nosso momento.
Artsoul – Nos últimos anos tivemos um boom de viewing rooms, plataformas de exposição e marketplaces de arte atuando no mercado. Quais as suas impressões sobre esses formatos? Como a galeria tem marcado presença neste contexto?
Tina Zappoli – Temos participado desde a criação do Artsoul. Participamos de todas as feiras e exposições desta plataforma. Fizemos uma tentativa internacional mas acabamos optando por ficarmos exclusivamente em parceria com plataformas brasileiras.
Foto recente da galeria com pintura de Felipe Goes e Assemblage de Iuri Sarmento – Imagem cedida por Tina Zappoli
Artsoul – Quais as contribuições mais significativas da sua galeria para o mercado de arte brasileiro?
Tina Zappoli – Nossa maior contribuição para o mercado foi termos circulado com a obra de Iberê Camargo desde o nosso começo até a sua morte e tê-lo tornado um artista com mercado nacional. Outra enorme contribuição foi termos trazido pela primeira vez ao Sul arte popular brasileira. E mais que isso, colocá-la lado a lado com a arte da academia. Viemos fazendo isso desde 1995, e acredito termos sido pioneiros nesta rica mistura não só em nível local, mas também nacional.
Artsoul – Gostaríamos de saber algumas das suas indicações de filmes, séries, livros e/ou podcasts para o público acessar e se informar sobre arte.
Tina Zappoli – Temos à venda na galeria o primeiro livro em língua portuguesa sobre Artemísia Gentileschi de Cristine Tedesco. Para quem achava, como eu, que estava contribuindo para o gênero feminino no quesito arte, precisa ler este livro. Ela se tornou, depois deste livro, minha heroína. Sua luta para se estabelecer como artista é comovente.
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Entrevista concedida em setembro de 2021
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Victoria Louise é crítica e produtora cultural, formada em Crítica e Curadoria e Gestão Cultural pela PUC-SP
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1 Comment
Valeu prima .Excelente matéria.Parabens .Abraço.