Ressignificar os espaços urbanos e torná-los convidativos para a ocupação do lugar público é uma missão desafiadora, mas que diferentes artistas pelo mundo têm cumprido com bastante entrega, desde muito anos.
É impossível não reconhecer a geometria colorida de Eduardo Kobra cuidadosamente pintada em grandes muros e edifícios, por exemplo. O paulistano reconhecido internacionalmente leva fotorrealidade para as ruas, com personagens históricos que se tornam inspiração para quem passa. “Imigrantes”, em Nova Iorque; e “Ayrton Senna – Superação”, em São Paulo, são algumas das fachadas que merecem nossa admiração.
Reconhecidos por refletir a sociedade latinoamericana dentro do contexto mais enraizado possível na arte urbana, Os Gêmeos têm espalhado seus rostos amarelos pelas ruas desde os anos 80. Eles são Otavio e Gustavo Pandolfo e também possuem seu graffiti disseminado pelo globo.
Ainda na capital paulistana, os traços delicados de Nina Pandolfo remetem à infância e à natureza, sempre com leituras bastante sofisticadas. Sua arte já a levou para países como Alemanha, Suécia, Nova York, Los Angeles e Escócia.
Do Brasil para o Reino Unido, a arte urbana ganha força com um coração voando da mão de uma criança (South Park (Londres) e Banksy fazendo história. Desde os anos 90, o artista e ativista político anônimo instiga e questiona com suas imagens impactantes. Além da conhecida pintura da menina, que vem acrescida da frase “There is always hope” (sempre há esperança), outros murais merecem apreciação, como o soldado atirando flores, na Palestina, ou Steve Jobs, que é imigrante sírio, retratado num campo de refugiados da França.
Na mesma linha, Blu é um italiano que segue no anonimato. Ele começou com grafitti no centro histórico e subúrbios de Bolonha, mas logo foi evoluindo tanto no tipo de material utilizado para seus murais quanto nos temas, que se tornaram personagens cheios de personalidade espalhados em obras individuais, colaborações e até exposições em galerias. Chegando a ser chamado de Bansky italiano, o artista resolveu apagar suas obras em 2016, como maneira de protestar contra a especulação imobiliária. Este ano, a pandemia de Covid-19 inspirou o artista, que pintou um novo mural em Campobasso, na Itália, mostrando o impacto do vírus na sociedade sendo representado pelo urso panda.
Carol Tavares é jornalista , especializada em marketing digital com foco em cultura é co-fundadora da Associação Brasil Auê, que apóia artistas brasileiros em Barcelona.
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