Você que estuda arte ou é interessado pela área e está em busca de produções para aumentar suas referências, confira a lista seleta que a Artsoul separou para você. São 8 filmes e séries, de caráter ficcional ou documental, para te estimular a aprofundar conhecimentos sobre o tema e saber mais sobre grandes artistas. Todos estão na Netflix. Vamos lá?
A série documental O Maior Roubo de Arte de Todos os Tempos vai alugar um apartamento na sua cabeça com a pergunta: como é que conseguiram roubar 13 obras em apenas 81 minutos? Essa é a questão central da produção sobre um crime que ocorreu na vida real em 1990 e segue sem solução até hoje, mais de 30 anos depois.
Em 18 março daquele ano, dois homens chegaram ao Museu Isabella Stewart Gardner, em Boston, nos Estados Unidos, e disseram aos guardas de plantão que estavam investigando distúrbios naquela área da cidade. Como os dois estavam vestidos como policiais, quem poderia imaginar que um crime estava prestes a acontecer?
Os dois agentes patrimoniais foram rendidos e 13 obras valiosíssimas de nomes como Degas, Manet, Rembrandt e Vermeer foram saqueadas do local. Para preservar a memória das artes e instigar a solução para o caso, a instituição mantém molduras vazias à espera do retorno das peças. O valor de US$10 milhões (quase R$ 50 milhões) também é oferecido a informações que levem à recuperação de todas as obras roubadas. A história instigante é contada em quatro episódios com média de 50 min cada. Vale a pena conferir.
O documentário Bob Ross: Alegria, Traição e Ganância, da Netflix, tem como assunto central a vida de Bob Ross, um dos pintores mais amados dos Estados Unidos. Consagrado na televisão, por ensinar técnicas simples de pintura enquanto fazia um quadro em tempo real, o artista inspirou uma geração. Além de cativar o público, deixou como legado a lição de que” ninguém comete erros, apenas pequenos acidentes felizes”.
Em cerca de uma hora e meia, a produção comove ao falar de detalhes da vida e carreira do artista. Ainda assim, consegue construir o sentimento de revolta diante dos direitos da propriedade intelectual do artista, que morreu em 1995 em decorrência de um linfoma.
Nos seis episódios da série documental da Netflix Diários de Andy Warhol, o telespectador acompanha a história e a carreira do artista americano que é símbolo da pop art a partir dos registros pessoais contados por Warhol em seus diários. Há ainda espaço para revelar detalhes pouco conhecidos pelo público, a exemplo do desejo do artista em ser uma pessoa diferente. As imagens de arquivo pessoal colaboram com a riqueza da produção em suas múltiplas camadas.
Toda a narrativa compila momentos marcantes do também cineasta e produtor a partir de registros pessoais, e nas diversas áreas em que o seu fazer artístico exerceu influência: moda, cinema e música.
O curioso é que o documentário reúne depoimentos de pessoas que foram próximas do artista, como o cineasta John Waters e o ator Rob Lowe, e até mesmo narrações próprias de Andy Warhol. A minissérie conta com a produção de Ryan Murphy e direção de Andrew Rossi.
A Netflix colocou o dedo na ferida do mercado de arte ao expor no documentário Fake Art: Uma História Real um golpe de sucessivas falsificações que resultou em U$S 80 milhões nos Estados Unidos. No longa dirigido por Barry Avrich, o público acompanha detalhes da fraude, iniciada em 1995, e a sua descoberta somente em 2011.
Durante todo esse período, mais de 60 telas foram levadas à Galeria Knoedler, uma das mais prestigiadas de Nova York, que revendeu a um público seleto as obras de consagrados pintores do século XX como Pollock e Rothko. Algumas delas chegaram a ser expostas até mesmo em museus.
No documentário, tudo tem início quando Glafira Rosales chega à Galeria Knoedler para vender obras desconhecidas dos artistas. Apesar da falta de informações, a diretora Ann Freedman, presidente da galeria à época, fez análises com especialistas para checar a veracidade dos objetos artísticos, que tiveram sua procedência comprovada. Contudo, todos os quadros eram falsos, e de autoria de Pei-Shen Qian, um artista chinês que trabalhava como professor de matemática nos Estados Unidos.
A série Inhotim, que está no catálogo da Netflix, explora as diversas possibilidades da arte contemporânea presente no instituto localizado em Minas Gerais. É uma forma de cativar o público que ainda não conheceu o museu de arte contemporânea e jardim botânico.
A produção de 13 episódios dirigida por Pedro Urano ajuda a aprofundar o contato do público com as obras e o ofício de artistas como Cildo Meireles, Chris Burden (1946-2015), Claudia Andujar, Giuseppe Penone, Jorge Macchi Rirkrit Tiravanija, Matthew Barney, Miguel Rio Branco e Olafur Eliasson.
A produção foi originalmente lançada em 2018 no canal Curta!, e vencedora do 18ª Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. A série Inhotim é imperdível para quem nunca visitou o espaço cultural, mas também uma rica oportunidade de aprofundar os conhecimentos de quem já esteve por lá.
O trabalho de Vik Muniz se popularizou para o público geral em 2010, quando ele produziu trabalhos com lixo para compor a abertura da novela Passione, na Globo. Mas no documentário Lixo Extraordinário, que está na Netflix e também no Globoplay, o ofício do artista plástico é contado a partir de um trabalho emocionante e cheio de propósito, executado no aterro sanitário de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, o maior da América Latina naquela época.
O filme foi gravado entre 2007 e maio de 2009, quando Muniz acompanhou um grupo de catadores de materiais recicláveis com o objetivo de retratá-los. É uma tentativa forte de fazer o público rever a sua relação com o lixo.
O documentário é sensível, cativante e foi premiado no Festival de Berlim de 2010, além de ser um dos 15 pré-selecionados para a categoria no Oscar 2011. Lixo Extraordinário é considerado para muitos um dos melhores documentários brasileiros de todos os tempos.
Carlos Almaraz nasceu na Cidade do México em 1941, mas foi criado em Los Angeles, nos Estados Unidos, para onde mudou-se ainda na infância. Ao longo da sua vida, se sentia um verdadeiro peixe fora d’água. Não era nem branco, nem negro, mas tinho o carimbo latino estampado em seu fenótipo e no seu DNA. Nas palavras do pintor, ele era “marrom”, “chicano” e “queer”.
Foi através da arte que Carlos Almaraz passou a entender seu lugar no mundo. E é justamente esse aspecto da vida do pintor que a Netflix foca no documentário, que é construído no casamento perfeito entre depoimentos de amigos e pessoas que admiravam o ofício de Almaraz, e imagens das pinturas do artista. O fogo era sua marca registrada e não à toa está no título do documentário e na maior parte das suas obras.
Além disso, a produção foca no papel importante de Almaraz nos anos 1970, quando ele se engajou em um movimento de trabalhadores agrícolas. Ativista que tinha a arte como bandeira, ele foi um dos responsáveis pela fundação do movimento Arte Chicana, cuja característica principal eram cores vivas e obras de grande intensidade.
O filme independente dirigido por Dan Gilroy e protagonizado por Jake Gyllenhaal conta, por meio de uma história ficcional, uma sátira ao mercado das artes, focado na luta por influência, poder e a busca pela imagem perfeita.
Há acidez para falar sobre o meio artístico, mas o longa transborda os assuntos para um guarda-chuva maior, onde cabem discussões sobre ego, monotonia e vaidade. A produção inova ao fazer a sátira usando pitadas de terror e também humor. Velvet Buzzsaw tem 1h53 de duração.
Luiza Leão é jornalista, repórter e apresentadora. Já trabalhou em veículos como Notícias da TV, CBN, Terra e Estadão. Pernambucana radicada na Bahia, atualmente vive em São Paulo.
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