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The Kill Room: arte, crime e adrenalina

Publicado por Victoria Louise em 21/02/2024
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Dois debates perenes na arte contemporânea — a definição do que é arte e quem é artista, e o funcionamento do mercado de obras de arte com seus números estratosféricos — ganham vida de maneira intrigante em The Kill Room (Arte Fatal, na versão brasileira), um thriller que tece suspense e comédia sob a direção de Nicol Paone.

Lançado em setembro de 2023 e estrelado por Uma Thurman, Joe Manganiello, Maya Hawke, Debi Mazar, Dree Hemingway e Samuel L. Jackson, o filme oferece uma perspectiva do universo da arte contemporânea, no qual a luta pela sobrevivência das galerias de arte se entrelaça com as complexidades do mundo das ilegalidades.

Samuel L. Jackson e Uma Thurman em cena do filme The kill Room. Imagem: Rotten Tomatoes

A trama gravita em torno de Patrice (Uma Thurman), uma marchand em Nova York, cuja galeria de arte está à beira do colapso financeiro. Diante da urgência, ela se depara com Gordon (Joe Manganiello) e Reggie (Samuel L. Jackson), um assassino e seu chefe, respectivamente. Juntos, concebem um plano inusitado: usar o cenário artístico como fachada para ocultar um esquema de lavagem de dinheiro. O que inicialmente parece uma solução pragmática logo se transforma em uma trama envolvente, onde a arte e o crime se retroalimentam. 

O ambiente de uma coleção de arte se revela propício para atividades de lavagem de dinheiro, uma vez que o valor dessas obras é intrinsecamente subjetivo. As transações realizadas em renomadas galerias ou com artistas de grande destaque envolvem cifras exorbitantes, proporcionando uma oportunidade conveniente para a infiltração de fundos ilegais. Além disso, tais transações muitas vezes conseguem contornar obrigações fiscais, acentuando ainda mais a atratividade desse cenário para práticas ilícitas. Dessa forma, o filme ilustra como o dinheiro adquirido de forma ilegal pode ser introduzido na sociedade por meio das transações artísticas em galerias renomadas.

Trailer do filme The Kill Room

Fora da ficção, casos de lavagem de dinheiro através de obras de arte já viraram notícia como o escândalo de 2015 envolvendo o 1Malaysia Development Berhad. Este caso apontou o fundo soberano da Malásia, o 1MDB, como culpado de desviar bilhões de dólares para atividades ilegais, incluindo lavagem de dinheiro.

O empresário malaio Jho Low, que supostamente estava envolvido na gestão do 1MDB, foi acusado de utilizar parte dos fundos desviados para a aquisição de obras de arte de alto valor. Entre as peças mencionadas estavam obras de artistas renomados, como Vincent van Gogh e Jean-Michel Basquiat. Relacionado também ao mercado ilegal, conhecemos o caso notável do maior roubo de arte documentado pela Netflix que apresenta o caso do Isabella Stewart Gardner Museum e o roubou de 13 pinturas até hoje nunca encontradas, entre elas obras de Vermeer e Rembrandt.

De volta à ficção, a narrativa do filme desenrola-se à medida que o assassino, se envolve emocionalmente com a produção artística, lançando o trio em um turbilhão de más decisões. O roteiro de Jonathan Jacobson, em sua estreia cinematográfica, perpassa uma história que tensiona as fronteiras éticas da arte.

Joe Manganiello interpretando Gordon, em The Kill Room. Imagem: Rotten Tomatoes

A discussão sobre a definição de arte é volátil na contemporaneidade, pois os artistas superaram há décadas os meios tradicionais e essa se tornou uma característica marcante. O emprego de novas mídias, como instalações, performances, videoarte e arte interativa, desafia as noções canônicas. A ascensão da arte conceitual destaca a ênfase em conceitos e ideias, deixando muitas vezes em segundo plano habilidades técnicas ou estilos específicos, além do mais, a intenção do artista ganha destaque transformando a arte em uma forma de expressar ou explorar conceitos e questionamentos.

Portanto, a definição de arte na contemporaneidade é fluida e multifacetada, envolvendo não apenas aspectos visuais, mas também conceituais, contextuais e interativos. A arte contemporânea desafia a ideia de que a beleza visual é o único critério válido para avaliar uma obra, buscando explorar novas fronteiras e questionar as suposições estabelecidas sobre o que constitui a arte.

Assim, ao observarmos como retratado no filme, o personagem passar a se envolver emocionalmente com a pintura, e acompanhar sua jornada atrelada a um contexto criminoso faz com que o espectador se entrelace com as contradições inerentes ao mundo subjetivo da arte.

Vale pontuar que o filme destaca-se visualmente, explorando a dualidade entre a elegância da cena artística e dos objetos artísticos com a brutalidade dos negócios ilícitos, construindo uma atmosfera cativante que entra em sintonia com a fluência entre a comédia e o suspense. 

Ao assistir o filme, é impossível não refletir sobre as escolhas morais enfrentadas pelos personagens. A trama instiga questionamentos sobre ética, sobrevivência e os limites do que é considerado aceitável no universo das galerias de arte e do crime organizado. A subjetividade da arte torna-se uma fronteira delicada, expondo-a a um mundo sem lei, sem limites e sem regras.

Ao expor o papel do dinheiro nas dinâmicas artísticas, o filme desafia a ideia romântica de uma criação desprovida de influências comerciais. Simultaneamente, a sátira afiada direcionada aos colecionadores destaca o absurdo muitas vezes inerente à busca de prestígio e posse. Ao apresentar a arte como um produto visceral da emoção, o filme convida o espectador a uma reflexão profunda sobre a verdadeira essência da expressão artística, e nessa complexa relação entre arte e dinheiro, a arte, muitas vezes, serve como um espelho para as sombras de nossa própria sociedade.

Giovanna Gregório é graduada em Arte: Historia, Critica e Curadoria pela PUC-SP. Pesquisadora e crítica independente.

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