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Matéria em transformação: o encontro entre a arte e o design autoral

Publicado por Victoria Louise em 05/02/2025
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Novos expositores da plataforma Artsoul atuam na transversalidade de áreas criativas reinventando o uso de materiais naturais e técnicas tradicionais

Uma das lições da contemporaneidade é que o contexto condiciona – e ressignifica – as diversas camadas de leitura e as possibilidades de uso de um objeto. Na medida em que a arte contemporânea mobilizou esforços para uma aproximação entre a arte e a vida, a afirmação de um objeto enquanto obra de arte passou a depender de uma série de fatores de contextualização como: de que maneira e por quem foi feito; qual seu destino de exibição; qual sua possibilidade de uso e apreciação, entre tantos outros. Em um mundo em que diferentes áreas criativas buscam uma reconexão entre processos agora fragmentados, encontramos produções que desafiam definições limitantes. 

Regina Dabdab – São Salvador, 2022

No segundo bloco de criadores que passam a integrar a plataforma Artsoul através da colaboração com a consultora de arte Cristina Tolovi, responsável pela seleção, estão profissionais que atuam na transversalidade criativa da arte e do design, com produções que facilmente transitam entre ambos universos. 

“Quando comecei a pensar nos nomes, percebi que muitos deles não se limitam a uma única definição – transitam livremente entre arte e design. Me identifico com esse transbordamento de expertise e perfil, essa fluidez entre disciplinas que enriquece as produções”, revela Tolovi em conversa sobre a escolha de Regina Dabdab, Guto Neves e a.par.a para este bloco.

Regina Dabdab

Elementos naturais como os minerais comportam em si uma simplicidade formal e, ao mesmo tempo, a complexidade química e física de sua composição. Enquanto são provas da longa passagem do tempo, suas variações volumétricas contam a história de um fragmento que nunca se repete – cada pedra é única. Valorizar essas especificidades naturais está no cerne do trabalho de Regina Dabdab, artista e designer nascida em São Paulo, que circula entre os campos das artes visuais e joalheria. 

Regina Dabdab – Encaixe, 2022

Nas peças desenvolvidas por Dabdab, agora disponíveis na Artsoul, é possível identificar diferentes tratamentos que a artista emprega sobre esses minerais. Para Tolovi, o processo de trabalho de Dabdab ressignifica materialidades, deslocando seus valores: “Regina observa elementos naturais que, muitas vezes, passam despercebidos ou não são tão valorizados no meio em que atua, atribuindo a eles um novo status ao integrá-los em suas composições. Seu trabalho nos convida a enxergar a beleza desses materiais e a estabelecer uma nova conexão com eles”.

Esse aspecto pode ser visto, por exemplo, nos trabalhos Encaixe, em que a artista produz peças que completam a forma de cristais a partir de outra materialidade, como o bronze, por exemplo. A produção oferece um exercício de imaginação, de matérias que poderiam se unir em combinações improváveis, sugerindo caminhos inusitados para uma harmonia natural. 

Regina Dabdab – Construção, 2022

Ainda que trabalhe com a pureza da matéria orgânica, Dabdab desenvolve composições complexas e refinadas a partir do uso de diversos materiais. Essa versatilidade pode ser vista, por exemplo, em Construção, trabalho que combina cimento, tubo de cobre, madeira, raiz, chapa de cobre e folha de ouro.

Em suas esculturas, a artista expande a possibilidade de reencontro com aquilo que na contemporaneidade se tornou comum ao olhar: é uma chance de reconexão com toda matéria que é viva. 

Guto Neves

Funcionalidade e beleza são aspectos equilibrados no pensamento de designers a todo o tempo, em diferentes níveis. Para além do que se é consumido e apreciado pelo público no final, existe também um pensamento técnico por trás da logística de todo objeto. Guto Neves, artista e designer com experiência no campo da moda e joalheria, volta seu olhar para as qualidades estéticas de objetos que usualmente têm um breve e único destino: a proteção de outros objetos. Trata-se das estruturas protetoras utilizadas na embalagem e transporte de objetos frágeis, ou seja, peças desenvolvidas através do design de outra peça. 

Guto Neves. Terceira Série: OM3SC:01, 2024. 

Produzidas em pedras como mármores Carrara ou Nero Marquina, e combinadas a outros materiais contrastantes, as esculturas que são inspiradas nas espumas protetoras industriais são apresentadas em novas composições, se distanciando do fator puramente utilitário da sua origem formal. Nesse sentido, os aspectos geométricos e a perfeita simetria são ressaltados, criando um jogo entre leveza e rigidez, volume e vazio. Neves, ao utilizar o mármore, realiza uma inversão do valor simbólico dessas estruturas, e sensibiliza o olhar para as formas industriais.  

Guto Neves. Segunda Série: OBNM:01, 2022. 

“É marcante como Guto Neves realiza uma releitura de um objeto preexistente, deslocando-o de sua função original e conferindo-lhe um novo valor. Ele repensa o simbolismo do objeto, transformando-o em uma peça com materialidade nobre, o que confere uma nova dimensão à sua perenidade.”, ressalta Tolovi sobre o processo de Guto Neves. 

a.par.a

As tapeçarias figuram entre uma das linguagens mais tradicionais da arte e do artesanato, com técnicas milenares passadas através de gerações e reinventadas na atualidade. Unindo o pensamento artístico contemporâneo e a manualidade tradicional têxtil, o estúdio a.pa.ra desenvolve séries de tapeçarias a partir de esboços de artistas que trabalham com pintura e ilustração. 

Eduardo Sancinetti. Faixa vermelha, 2024.

Para Tolovi, a dinâmica do estúdio a.par.a possibilita uma expansão das práticas criativas: “Convidar artistas a se envolverem em novos desafios, fora de suas práticas habituais, é uma forma de expandir os limites da criatividade e da experimentação. Ao mergulharem em novas linguagens e materiais, os artistas renovam suas próprias produções, mas também enriquecem a troca de saberes entre diferentes áreas da arte e do design”.

As tapeçarias desenvolvidas através das obras de Eduardo Sancinetti, por exemplo, demonstram a versatilidade que a técnica têxtil possui ao adaptar-se em composições ricas em cores e variações lineares. Com personagens psicodélicos inseridos em ambientes naturais, as imagens evocam uma atmosfera mágica através de cores vibrantes que irradiam nas corporalidades geométricas construídas pelo artista. 

Felipe Jardim. Jardin Majorelle, 2024

Já no trabalho de Felipe Jardim, a psicodelia é incorporada na arquitetura e no paisagismo, com inspiração no Jardin Majorelle de Marrakesh, no Marrocos, local que o artista e designer visitou em 2019. No trabalho, as cores presentes na arquitetura e as formas orgânicas dos cactos e demais plantas formam uma composição onírica. Ainda que adaptada, a tapeçaria mantém os contrastes característicos das ilustrações do artista, agregando uma nova camada de volume ao tridimensionalizar as imagens. 

Seja através da forma pura encontrada na natureza, da manipulação de matérias primas ou da revisitação de técnicas tradicionais, esses criadores demonstram novas formas de sensibilização do olhar no cotidiano. Na intersecção de conhecimentos e colaboração com outros profissionais, essas produções reafirmam a matéria enquanto elemento vivo e em constante mudança. 


Leia os outros textos da série com entrevista da curadora Cristina Tolovi

Habitar a casa e o corpo: o exercício criativo no design autoral
Cor, forma e movimento: novos artistas renovam catálogo da Artsoul com obras expressivas
Diogo Barros é curador, arte educador e crítico, formado em História da Arte, Crítica e Curadoria pela PUC SP

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