A coleção de Emanoel Araújo foi adquirida em sua totalidade pela Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA), de Campos do Jordão, em leilão na tarde do último sábado. Lia Maria Aguiar, presidente e fundadora de sua instituição homônima, é de Amador Aguiar, fundador do banco Bradesco. A FLMA atua na região de Campos do Jordão e se dedica à promoção da inclusão social com seus núcleos culturais e de saúde.
A venda foi realizada pela Bolsa de Arte, casa leiloeira especializada em arte moderna e contemporânea, dirigida por Jones Bergamin. O leilão havia sido postergado anteriormente pelo Ibram – Instituto Brasileiro de Museus, pois os museus vinculados ao órgão federal possuem prioridade em caso de leilão de bens culturais, como é considerada a coleção do artista baiano. No entanto, nenhum dos museus possuía condições de adquirir o acervo, com lance mínimo de R$30 milhões. O valor refere-se à coleção completa. Bergamin expressou que a vontade dos herdeiros era a venda do acervo completo, para que permanecesse unido.
Compõem a coleção exemplares de artistas como Carlos Bastos, Xavier das Conchas, Carybé, Rubem Valentim, Francisco Brennand, João Câmara, Siron Franco, Franz Krajcberg, entre outros. Além disso, alguns imóveis no bairro do Bixiga, em São Paulo, estão incluídos no lote leiloado. “Emanoel Araújo foi um grande comprador de arte. Tive, inclusive, a oportunidade de conhecê-lo e, agora, apreciar, em detalhe, sua coleção privada, que tem uma grande importância histórica, com peças do século 17, 18 e raridades que vão do barroco ao modernismo”, conta Jones Bergamin.
Artista plástico, curador, museólogo e ativista, Emanoel Araújo foi uma das personalidades mais importantes do Brasil no século 20. Em seu trabalho, correntes estéticas como o construtivismo foram exploradas de modo que expressassem temas fortemente relacionados com a realidade brasileira. Tanto a sua obra artística quanto a sua atuação como curador e pesquisador destacaram a importância da herança africana na cultura nacional. Araújo também idealizou e dirigiu o Museu Afro-Brasil – ocupando a posição desde a inauguração do museu, em 2004, até seu falecimento, em 2022.
Araújo comentou que gostaria de dar um destino público à sua coleção quando morresse. Os fundos da venda serão destinados aos oito irmãos de Araújo e a quatro de seus funcionários, conforme pedido em testamento pelo artista.
Gostou desta matéria? Leia também:
Danilo Miranda, considerado simbolicamente como Ministro da Cultura, recebe homenagens de profissionais do setor