Espaço imersivo permanente do Team Lab no Museu de arte digital MORI (Japão).
A aproximação entre o espaço e o corpo do espectador é elemento importante para a pesquisa de muitos artistas contemporâneos. Diante desta questão, as tecnologias digitais têm se revelado ferramentas interessantes para experimentação e expansão das fronteiras habituais da produção em arte. Projetos que utilizam recursos digitais, criando novos modos de relacionamento com o público têm ganhado destaque nos últimos anos. Muitos deles, propõem um contato íntimo entre corpo e ambiente, em espaços digitais ou virtuais.
As proposições imersivas, são reconhecidas como uma das vertentes da arte digital contemporânea. Artistas e coletivos multidisciplinares, têm direcionado suas pesquisas às formas de colaboração entre arte e tecnologia. Tratam-se de propostas que conduzem o público a penetrar em espaços digitais, vivenciando experiências multissensoriais, das mais diversas.
Por vezes, as exposições imersivas criam condições que fazem da presença do espectador, elemento determinante para a transformação da obra. Exemplo interessante deste sentido é oferecido pela proposta do coletivo Team Lab, apresentada permanentemente no Museu MORI. O espaço imersivo criado pelo coletivo interdisciplinar, composto por artistas, engenheiros, designers e programadores, se transforma através da presença do corpo humano: é afetado pelo calor. Deste modo, a obra se completa apenas com a interação do espectador.
Atentos a estas experimentações, em 2019 uma série de museus e equipamentos culturais da cidade de São Paulo deram destaque – em suas exposições temporárias – ao encontro entre arte e tecnologia. Entre eles, podemos mencionar o Sesc Paulista, com a exposição multimídia de realidade virtual “A Biblioteca à noite”; a Japan House que trouxe ao público obras de arte digital do dou de artistas Nonotak; bem como a exposição comemorativa do primeiro ano do Farol Santander. Neste espaço, “Up There”, proposta multimídia apresentada pela artista brasileira Regina Silveira examinava poeticamente nuvens, constelações e corpo celestes. No mesmo prédio, o público pode entrar em contato com a instalação imersiva “Beyond Infinity”, que sugeria um jogo entre espaço real e virtual, a partir de espelhos, luzes, música e fractais construídos pelo artista francês Serge Salat.
Na última década, em diálogo ativo com o interesse dos artistas pelo digital, foram criados alguns museus dedicados exclusivamente à propostas imersivas. Entre eles, destacam-se o Atelier des Lumières, em Paris, e o Museu de Arte Digital MORI, em Tóquio. Ambos apresentam aos visitantes instalações, projeções digitais, obras que contam com estímulos sinestésicos e multissensoriais. O museu parisiense, é reconhecido por produzir mostras temporárias que revisitam – através de projeções e recursos multimídia – trajetórias de artistas reconhecidos como Van Gogh e Gustav Klimt, além de reservar espaço para instalações atuais, em arte digital. O Museu de Arte Digital MORI, por sua vez, é conhecido pela proposta curatorial voltada fundamentalmente à produção contemporânea, ao apresentar obras representativas das pesquisas atuais, situadas entre arte e tecnologia digital. O notório museu japonês, apresenta ambientes que fazem uso de algoritmos, inteligência artificial e outros recursos tecnológicos sofisticados.
MIS Experience
Seguindo esta tendência internacional, com marcante influência do projeto do Atelier des Lumières, a cidade de São Paulo ganha este ano um novo espaço expositivo voltado integralmente à exposições imersivas. Resultado da parceria entre o Museu da Imagem e do Som e a Fundação Padre Anchieta, o MIS Experience destina-se exclusivamente a propostas digitais e interativas.
Localizado na Zona Oeste de São Paulo, será inaugurado em 2 de novembro, com exposição sobre a trajetória do mais conhecido artista do renascimento. “Leonardo da Vinci – 500 anos de um gênio”, contará com 18 regiões temáticas, apresentando ampla investigação acerca de sua produção. Celebrando o quinto centenário do mestre do renascimento, a iniciativa do MIS Experience soma-se à uma série de eventos comemorativos previstos para este ano. Entre eles, a aguardada exposição no Museu do Louvre, com curadoria de Vicent Delieuvin e Louis Frank, a mais abrangente já realizada sobre o artista.
A proposta curatorial, trazida ao público brasileiro, pretende mergulhar no pensamento visual e científico de Da Vinci. Os visitantes poderão desvendar suas obras através de projeções digitais, propostas interativas, animações gráficas em alta definição e conteúdo narrativo multimídia. A exposição cria a oportunidade de uma descoberta sensorial e lúdica de sua trajetória. A tecnologia também é utilizada como ferramenta educativa para o contato com a produção do artista que estabeleceu fundamentos da visualidade moderna.
Explorando recursos digitais, “Leonardo da Vinci – 500 anos de um gênio”, apresentará investigações em torno de obras célebres do artista italiano, como a Mona Lisa e a Dama com Arminho. Contará também com réplicas de máquinas, entre elas, alguns dos mais notáveis protótipos da bicicleta e do avião, que revelam o caráter inventivo da produção de Da Vinci.
Anna Luísa Veliago Costa é Mestre pelo Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo, é graduada em História pela mesma universidade, com intercâmbio acadêmico na Universidade Sorbonne-Paris IV.
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