No dia 06 de setembro, a 35ª Bienal de São Paulo, intitulada coreografias do impossível, abriu as portas para o grande público no Pavilhão Ciccillo Matarazzo no Parque Ibirapuera. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a edição apresenta cerca de 1.100 obras de 121 artistas, coletivos e figuras históricas. A exposição ficará aberta até 10 de dezembro e a entrada é gratuita.
Reunindo artistas de diversos contextos e regiões do mundo, a curadoria apresenta uma variedade de linguagens e poéticas em torno da ideia do enfrentamento de impossibilidades. Essas produções artísticas, que devem ser lidas dentro de seus contextos sociais, configuram movimentações frente a opressões sistemáticas. Nesse grande conjunto, a espiritualidade, ancestralidade e organização social são alguns dos fios que conectam as obras presentes no pavilhão, com destaque para produções de artistas relacionados às diásporas, bem como os povos originários. Além do coletivo principal de curadoria, essa edição tem assistência de Sylvia Monasterios e Tarcisio Almeida, e conselho curatorial de Omar Berrada, Sandra Benites, Sol Henaro e Thomas Jean Lax.
Para a expografia, o escritório de arquitetura Vão, formado por Anna Juni, Enk te Winkel e Gustavo Delonero, desenvolveu um projeto inovador. Pela primeira vez, o vão do pavilhão da Bienal foi fechado com paredes provisórias que acompanham a sinuosidade da parte interna do edifício. O vão desenhado por Oscar Niemeyer, que geralmente permite uma contaminação maior entre as obras expostas, foi fechado para dar vida à proposta da curadoria de uma nova movimentação do público dentro da exposição, dando um contorno físico à proposta conceitual da curadoria. Neste caso, o público pode ir diretamente ao terceiro andar depois de passar pelo primeiro, finalizando o percurso no segundo andar utilizando as rampas externas do prédio.
A produção intelectual elaborada a partir das coreografias do impossível é pública, o que inclui publicações educativas e catálogo disponíveis no site, assim como uma programação especial aberta aos visitantes. Toda a identidade visual desta edição da Bienal foi desenvolvida por Nontsikelelo Mutiti, artista visual e educadora nascida no Zimbábue, atualmente diretora dos estudos de pós-graduação em design gráfico na Yale School of Art (New Haven, CT, EUA).
Nomeadas de movimentos, as publicações educativas estão divididas em três partes, sendo as duas primeiras condutoras de reflexão e formação para as equipes de mediação da Bienal e o próprio público. “Primeiro movimento – aqui, numa coreografia de retornos, dançar é inscrever no tempo” e “Segundo movimento – meu modo de pensar é um pensar coletivo / antes de estar em mim já esteve nela” estão disponíveis para download.
Com lançamento previsto para o ano que vem, o último volume será resultado dos processos de mediação dessas equipes ao longo da exposição.
Já a programação especial inclui performances, ativações de obras, mesas com convidados e encontros com artistas e curadores. A Sauna Lésbica, instalação desenvolvida por Malu Avelar com Ana Paula Mathias, Anna Turra, Bárbara Esmenia e Marta Supernova, receberá desde a primeira semana uma série de ativações e conversas com convidados. A instalação de Avelar foi apresentada pela primeira vez em 2019 no Festival Internacional Valongo, em Santos (SP).
A dupla carioca Antonio Gonzaga Amador e Jandir Jr. traz à Bienal uma série de performances desenvolvidas dentro do projeto Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda. Ao longo da primeira semana, a dupla performará diferentes ações que tensionam a relação entre espaço institucional, público e profissionais contratados para garantir a salvaguarda das obras. Aline Motta, Ana Pi, Benvenuto Chavajay, Guadalupe Maravilla, Luiz de Abreu, Rubiane Maia e Will Rawls também realizam performances nesse primeiro momento.
Em mais um exemplo de diálogo com movimentos sociais, a curadoria convidou a Cozinha Ocupação 9 de Julho – MTSC, que está presente em espaços do pavilhão como o café, restaurante e barracas externas. Além de consumir seus pratos e produtos, os visitantes podem conhecer mais sobre a história do movimento. No dia 23 de setembro às 15h acontecerá a mesa “Cozinha Ocupação 9 de julho – MSTC – moradia = pertencer (saúde + educação + cultura) / acessibilidade”, com presença de Carmen Silva, Preta Ferreira, Tomas Alvim, Alexandre Hodapp e mediação de Dênis Pacheco.
A equipe de mediação dessa edição realizará visitas na exposição com público espontâneo em horários fixos (terça a domingo às 10h30 e às 17h30 – com horário extra na quinta-feira às 19h) e público agendado através de formulário. Visitas em inglês, espanhol e Libras também serão oferecidas em horários específicos mediante agendamento.
Um audioguia foi gravado com as vozes Dandara Queiroz, Isa Silva, Luanda Vieira, Renan Quinalha e Stephanie Ribeiro, passando por 20 obras presentes no espaço. O conteúdo também está disponível na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Outros recursos acessíveis disponibilizados são os textos em braille e fonte ampliada e as maquetes táteis.
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