Fancy Violence em LEVITAÇÃO – Performance Rodolpho Parigi_foto cortesia do artista
Denomina-se performance a prática artística que envolve uma pessoa ou mais que realizam, para uma audiência, ações em um período de tempo e em espaço específicos. Seu eixo é a presença do artista e suas atividades corporais apresentadas em uma experiência pública.
Suas origens estão na produção artística da primeira metade do século 20 e, nesse sentido, a performance pode ser compreendida como uma articulação entre arte e vida. Antecipa a arte contemporânea por seu caráter colaborativo e interdisciplinaridade, incorporando linguagens como música, dança, literatura, poesia, arquitetura, moda, design e cinema ou vídeo. Dessa perspectiva, o artista Rodolpho Parigi acredita que a performance “está relacionada a uma mistura de ilusionismo, espetáculo e risco”. Afirma que ao planejar o seu trabalho, pergunta a si mesmo se “poderia criar algo que estivesse nos limites entre uma peça de Pina Bausch, a dança Butô, uma vitrine de pessoas mostrando o corpo, um show de ilusionismo corporal, imagens de sci-fi, cenas teatrais ou até um show de bandas de rock. Tento condensar essa mistura de som, imagem, figurino, ilusão e realidade em curtas apresentações com uma elaboração calculada, mesmo que no momento da performance tudo possa acontecer, literalmente”.
Bruno Mendonça remete a esse caráter amplo e indefinido ao afirmar que “não sabia que estava fazendo performance antes de entrar em contato com o campo da arte contemporânea e me relacionar com conceitos, termos etc.”. A imbricação arte e vida permanece como elemento diferencial dessa prática como define Mendonça: “meu trabalho é menos calcado em uma historicidade da arte e mais focado com o campo mesmo da vida. (…) Por isso me interesso mais pela performatividade do que pela performance em si, afinal, são coisas diferentes”.
O artista Maurício Ianês indica a mesma distinção que Mendonça. Para ele, a “performance, no campo das artes, é qualquer tipo de ação que aconteça ao vivo e que tenha algum tipo de proposta estética, o que não quer dizer que tenha que ter vínculo com a ideia de belo ou espetáculo. Pelo contrário, me interessa quando ela explode o campo das artes e passa para a vida cotidiana. Nesse sentido, o termo performatividade é mais adequado”. O artista evita a palavra performance que “está ligada à um conceito anglo-saxão para designar ideia de desempenho, de alcançar um objetivo com excelência”. Para ele, há problema em usar a palavra, com essa carga, “para designar ações artísticas, que podem ser indeterminadas, incluir o erro como parte importante de seu processo, ou mesmo processuais, sem um objetivo final”. Na recusa da palavra performance para definir o que realiza, Ianês sugere a palavra ação.
Expectativa também de Marcos Gallon, diretor artístico da Verbo Mostra de Performance Arte. Para ele, performance “representa, no sistema da arte, o lugar da experimentação e da pesquisa, mas mais do que tudo, o terreno da crítica ao sistema social e político que vivemos atualmente no Brasil e no mundo. Nesse sentido, ela se aproxima do ativismo político, que impregna as ações de vários artistas e coletivos”. Segundo Gallon, essa característica, por si, dificultaria seu alinhamento às dinâmicas do mercado.
Mirtes Marins de Oliveira é pesquisadora do PPG Design da Universidade Anhembi Morumbi. Crítica e curadora independente
Gostou desse texto ? Leia também :
Palavra e poesia visual na produção recente de artistas brasileiros