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Roubo no Louvre: bisneta de Dom Pedro II foi a última dona de joia levada do Museu

Publicado por Victoria Louise em 25/10/2025
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Avaliadas em milhões de euros, peças roubadas têm trajetórias que atravessam a realeza francesa e chegam até a família imperial brasileira

No último domingo, 19, o Museu do Louvre foi alvo de um roubo que chamou a atenção de todo o mundo. Criminosos invadiram a Galeria d’Apollo, uma das principais salas do museu, e levaram nove joias da Coroa Francesa. O caso aconteceu pouco depois do horário de abertura para visitantes, entre 9h30 e 9h40 da manhã, e foi executado em apenas sete minutos. 

Coroa da Imperatriz Eugénie. Foto: Museu do Louvre/Divulgação. 

Uma das peças furtadas, uma coroa composta por mais de 1300 diamantes e 56 esmeraldas, foi recuperada no mesmo dia. Encontrada danificada em uma rua próxima ao local, a joia pertenceu à Imperatriz Eugénie, esposa de Napoleão III. Até o momento, os outros oito objetos continuam desaparecidos.

De acordo com as investigações, os bandidos acessaram a varanda do museu por meio de um elevador de carga acoplado a um caminhão. De frente para o rio Sena e disfarçados de funcionários, os homens quebraram as janelas com uma mini serra elétrica e retiraram os itens das vitrines centrais. Em seguida, deixaram a ferramenta para trás e fugiram dirigindo uma scooter. 

O valor financeiro das joias já foi calculado: em entrevista à rádio francesa RTL, a promotora Laure Beccuau, responsável pelo caso, revelou que o conjunto é avaliado em 88 milhões de euros, o equivalente a 550 milhões de reais. O valor histórico, no entanto, é inestimável, já que os objetos – dentre os quais estão brincos, colares, broches e coroas – foram produzidos entre 1800 e 1835 e pertenceram a figuras centrais da realeza francesa. 

Colar de esmeraldas do conjunto de Marie-Louise. Foto: Museu do Louvre/Divulgação. 

Em entrevista à Globonews, a pesquisadora Cláudia Thomé Wiite explicou que os itens roubados têm uma trajetória marcada por alianças e heranças entre as monarquias europeias. Algumas das peças, como um conjunto de colar e brincos em safira, pertenciam originalmente à imperatriz Josefina, a primeira esposa de Napoleão Bonaparte. Depois de serem passados como herança à Hortense, filha do casal, as joias foram vendidas para o rei Luís Filipe I, da França. O monarca, por sua vez, escolheu usá-las para presentear a esposa, a rainha Maria Amélia de Bourbon. 

Colar do conjunto de joias da rainha Maria Amélia da França e da rainha Hortense

Maria Amélia tem uma árvore genealógica um tanto complexa: ela era tia da Imperatriz Leopoldina, esposa do Imperador Pedro I, e também era mãe do marido de uma das irmãs de Dom Pedro II. Conforme explica Wiite, “as safiras permaneceram na família Orleans e acabaram sendo herdadas por uma neta da princesa Isabel, também chamada Isabel”. Essa moça casou dentro da própria família, com quem seria o descendente do trono francês – embora, naquele momento, o país já não fosse mais uma monarquia. 

Dessa forma, a relíquia foi passando de geração em geração até chegar a princesa Isabel de Orleans e Bragança, bisneta de dom Pedro II. Ela foi a última pessoa a usar uma das joias em público, um vínculo inesperado entre o patrimônio francês e a história do Brasil. Esses objetos foram mantidos na família até serem vendidos ao longo do século 20 e adquiridos pelo Louvre em 1985. O conjunto conta também com uma coroa de safiras com quase 2 mil diamantes, um colar com oito safiras do Sri Lanka e mais de 600 diamantes, além de brincos e um broche da mesma coleção que não foram levados pelos ladrões. 

Este não é o primeiro grande roubo na história do Louvre. Em 1911, a Mona Lisa foi furtada pelo ex-funcionário Vincenzo Peruggia e permaneceu desaparecida por dois anos, até ser recuperada em Florença, quando o homem tentou vendê-la em um antiquário. Décadas depois, em 1998, o quadro Le Chemin de Sèvres, de Camille Corot, foi roubado de uma das galerias e jamais foi encontrado.

Os casos mais recentes reacendem a preocupação com a segurança dos acervos franceses. No mês passado, ladrões levaram porcelanas avaliadas em milhões de euros do Museu Adrien Dubouché, em Limoges, e Pepitas de ouro foram levadas do Museu Nacional de História Natural de Paris. Os casos evidenciam a fragilidade das instituições, que mesmo com protocolos de segurança ativos, sofrem graves ataques.

Na segunda-feira, 20, um relatório preliminar do Tribunal de Contas vazado à imprensa revelou importantes falhas de segurança no Louvre. Segundo o documento, no setor Denon, onde está localizada a Galeria d’Apollo, um terço das salas não possui nenhuma câmera de vigilância. Apesar de receber um orçamento anual de funcionamento de 323 milhões de euros, apenas pouco mais de um terço das salas do museu contam com pelo menos uma câmera.

Atualmente, a instituição se prepara para iniciar obras estruturais, destinadas a combater questões como infiltrações de água, superlotação dos espaços expositivos e calor sufocante sob a pirâmide. O projeto, chamado “Louvre Novo Renascimento”, foi iniciado em janeiro e prevê ainda um reforço na segurança do museu.  

Enquanto as investigações do roubo continuam, autoridades reforçam a importância da proteção dos demais museus do país. Em relação às joias, acredita-se que a comercialização dessas peças no mercado legal de arte seja praticamente impossível, o que pode aumentar as chances de recuperação. Por outro lado, alguns especialistas apontam que, pelo tempo já decorrido, as joias devem desaparecer definitivamente. 

Carla Gil é pesquisadora independente e graduada em Arte: História, Crítica e Curadoria pela PUC-SP

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