Na última sexta-feira (7), um dos maiores museus a céu aberto do mundo, o Instituto Inhotim, voltou a abrir seu acervo para o público.
Fechado desde 12 de março de 2021, Inhotim havia suspendido suas atividades culturais por orientação estadual em Minas Gerais. O estado entrou na fase roxa, com medidas restritivas de combate ao coronavírus.
A administração estabeleceu um planejamento consciente de abertura, ao liberar uma circulação menor de visitantes mesmo em espaços abertos, mantendo análise periódica de resultados para eventual necessidade de adequação dessas medidas.
Os ingressos online foram esgotados rapidamente para o primeiro dia de abertura, assim como todas as sextas-feiras deste mês, o único dia da semana em que a entrada é gratuita.
O Instituto, que recebia cerca de 5 mil pessoas por dia, estabeleceu a partir de agora um limite máximo de 500 pessoas por dia. Dos 140 hectares para visitação, alguns espaços que poderiam vir a promover aglomeração ou interação, foram mantidos fechados, como, por exemplo, a Galeria Cosmococa e as obras de Marila Dardot e Robert Irwin.
Distribuídos pelo instituto, álcool em gel estão disponíveis para uso dos visitantes em pontos estratégicos, bem como folheto e cartaz informativo com orientações que evitam o contágio do novo vírus. O uso de máscara é obrigatório e estão suspensas as excursões em grupo.
A grande novidade é a restauração da obra Magic Square, do artista brasileiro Hélio Oiticica. A obra, uns dos cartões postais do Instituto, faz parte da série Penetráveis do artista, composta por grandes estruturas coloridas, dispostas a céu aberto, que permitem ao visitante caminhar e penetrar os espaços entre elas.
A restauração é acompanhada por uma homenagem ao artista que entrou na programação nas atividades virtuais promovidas pelo Instituto, que vem, desde o início das medidas de isolamento, alimentando as redes sociais com sólidos conteúdos culturais. Conversas com artistas como Valter Hugo Mãe e Adriana Varejão foram disponibilizados pela instituição, além de informações sobre as mais de 4 mil espécies raras presentes no jardim botânico.
O Instituto Inhotim está localizado no município de Brumadinho a 60 quilômetros da capital do estado e é composto por galerias de arte contemporânea e um jardim botânico complexo. É um museu a céu aberto e representa um respiro para os visitantes que experienciam a arte contemporânea unida ao frescor de uma natureza única.
Uma vez que Inhotim conta principalmente com a bilheteria para cobrir custos estruturais, o patrocínio da Vale foi um dos fatores importantes para suprir os custos da instituição durante a suspensão do funcionamento.
Não é a primeira crise que a instituição enfrentou desde sua inauguração em 2006. Já superou a redução drástica de visitantes durante o surto de febre amarela no país em 2017 e as dificuldades do município em decorrência do rompimento da barragem em Brumadinho em 2019. Após a instabilidade do último ano, a reabertura do instituto representa um alívio para todos que apreciam arte e cultura no país, como uma forma de manter contato com as vivências intensas que o espaço proporciona.
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Victoria Louise é redatora da ArtSoul formada pela PUC-SP em Arte: História, Crítica e Curadoria e Gestão Cultural
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