Na última quinta-feira (25) às 17h30, um galpão do grupo Alke sofreu um incêndio. Com mais de 2 mil obras de arte no espaço, o galpão em Taboão da Serra, era responsável por armazenar acervo de galerias como Nara Roesler, Luisa Strina, Zipper e Simões de Assis.
O incêndio foi alertado por prestadores de serviço que chegaram ao local no momento em que o fogo se alastrava. A causa ainda não foi identificada e, portanto, a Polícia Civil ainda trabalha na investigação.
A empresa, Alke Transporte e Logística, trabalha com frequência com galerias de arte e alegou ter a vistoria Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) atualizada e sustenta que o acidente não teve origem por negligência da empresa.
As galerias envolvidas e a empresa Alke – responsável também pelo transporte internacional de obras para exposições – anunciaram que estão fazendo um levantamento do material presente no galpão para dimensionar com exatidão a parcela danificada do acervo.
Algumas obras foram trocadas de galpão recentemente, portanto, não se sabe com exatidão o que foi comprometido e o que foi transferido, mas importantes trabalhos de artistas plásticos brasileiros estão envolvidos como Abraham Palatnik, Antonio Dias, Vik Muniz e Emanoel Araújo, que são representados por estas galerias.
O episódio foi devastador para os profissionais da cultura que lamentaram nas redes sociais os danos. Como neste trecho da publicação da Galeria Jaqueline Martins no Instagram:
“Nós, trabalhadores de museus, galerias e instituições de arte nos solidarizamos com todos que de alguma forma foram afetados pelo incêndio no galpão […]. Sentimos por mais uma perda irreparável ao patrimônio artístico.”
O episódio, infelizmente, não é o primeiro. Incêndios ligados a instituições de arte são relativamente frequentes. O episódio mais impactante da história da arte brasileira foi em 1978 ao levar abaixo o prédio do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, destruindo o acervo quase por inteiro.
O caso mais recente foi o incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2018. O museu, com mais de 200 anos de existência, era a instituição científica mais antiga do Brasil. Os itens presentes no prédio foram quase completamente destruídos e o incêndio foi causado por negligência na estrutura elétrica.
Estes casos alertam para a necessidade de conservação do patrimônio material brasileiro, tendo em vista que são símbolos representativos das transformações da cultura nacional. A perda demonstra uma espécie de apagamento de uma parcela da história, comprometendo o conhecimento das futuras gerações sobre a identidade do país.
Victoria Louise é crítica e produtora cultural, formada em Crítica e Curadoria e Gestão Cultural pela PUC-SP
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