A dinâmica espacial das esculturas se diferencia de outras linguagens nas artes plásticas. Nela a relação entre corpo e objeto se torna a mediação da experiência estética proposta por artistas.
Quando pensamos na produção de obras tridimensionais em grande escala, logo podemos nos perguntar sobre as especificidades deste processo. Por isso convidamos Luiz Hermano para nos contar sobre esses processos com suas vantagens e desafios. Apresentando sua obra, o artista diz: “São constelações, que sugerem agrupamentos e miragens. Uno lembranças a achados e daí surge algo novo”.
O artista que produz tanto obras bidimensionais como tridimensionais, diz que a principal diferença ao desenvolver nesses modos está em sua concepção: “O pensamento. Pensar em uma escultura é diferente do pensar de uma pintura”.
De início falamos sobre espaço, e como é necessário pensá-lo como único, com suas necessidades e possibilidades específicas para as obras.
“As obras têm que apresentar possibilidades, se conectarem aos espaços. Elas espontaneamente apontam lugares, encaixam e sugerem diálogo com o ambiente”, conta Hermano.
As obras site specific, pensadas para um lugar pré-determinado, apresentam aos artistas a oportunidade de leitura de um ambiente contextualizado, e através dele propor uma interferência que parte da sua poética. É um encontro entre a história do lugar com uma nova proposta, como conta o artista:
“Quando você produz um trabalho específico para um espaço você deve levar em consideração a história do lugar, como minha obra: Mandacaru, que está no Cais do sertão. Mesmo assim cada trabalho interfere de formas únicas a cada espaço, é a magia da arte… essa união da forma e da demanda. Parece que as obras nascem já predestinadas”.
A partir do momento em que se tem como objetivo o desenvolvimento de uma obra em grande escala, logo surgem as oportunidades de ampliação de sua própria produção, alcançando novos lugares.
“As possibilidades expandem, você acaba tendo a vantagem de se desafiar a criar algo novo. Eu trabalho com diversos agrupamentos de módulos em projetos, assim posso aumentá-los ganhando novas escalas e dimensões do mesmo trabalho”, explica Hermano.
Da mesma forma, encontram-se os desafios. Deve-se superar uma série de questões técnicas, assim como assegurar todas as condições para a realização desses projetos – muitas vezes ousados. O artista lembra que um dos maiores desafios pra ele é justamente “reunir uma equipe ou os recursos necessários para produções desse porte”.
Existem diferenças marcantes entre produções de pequena e grande escala. O artista destaca as seguintes: “Espaço, tempo de produção e transporte. Além de uma obra menor poder ser mais espontânea… Projetos grandes exigem planejamento”.
Em comum, podemos pensar que toda obra nasce de uma necessidade, de um desejo. Para Luiz Hermano, não importa a dimensão de uma obra, todas têm a mesma origem:
“Toda obra nasce pequena, mesmo os trabalhos grandes nascem pequenos”.
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Diogo Barros é curador, arte educador e crítico, formado em História da Arte, Crítica e Curadoria pela PUC SP.
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Imagens retiradas do site do artista e da feira Artsoul Grandes Formatos
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