O artista Renan Cepeda começou a fotografar em preto e branco com 11 anos de idade. Escolado na experiência do fotojornalismo nos anos 1980/90, colaborou para as maiores publicações do país e foi correspondente internacional no Rio. Dedicando-se hoje integralmente à fotografia de arte, Renan Cepeda é reconhecido pelas pesquisas artísticas sobre técnicas fotográficas incomuns, como a fotografia infravermelha e o light painting, obtendo prêmios e exposições pelo Mundo.
Artsoul: Como e quando você se descobriu artista?
Foi uma transição natural da fotografia documental para a autoral. Nos anos 80 e 90 trabalhei para as maiores publicações do pais. Ao fundar em 1996 o “Arte de Portas Abertas”, no bairro de Santa Teresa no Rio, comecei a mostrar minhas ideias e tive uma boa resposta do público. Na virada do milênio apostei em meus projetos autorais, expondo em importantes galerias, como Anita Schwartz e Tempo, e obtendo prêmios em salões de arte contemporânea, me motivando a seguir em ser artista o tempo todo.
Artsoul: Como funciona o seu processo criativo? E o que influencia nele?
Gosto do que a chamada “fotografia pura” – ou seja, sem manipulações -, ainda reserva de novidade, de surpresa. A Fotografia em si, como disciplina, permeia os meus temas e é um princípio de trabalho. Sou amigo da fotografia lenta, pensada, planejada, principalmente em meus trabalhos noturnos, onde domino a luz com lanternas na mão, em longas exposições. Os resultados são surpreendentes, apesar de certo controle que imprimo nas pinceladas com a lanterna. Já a fotografia infravermelha proporciona um mundo que existe, mas o olho humano não enxerga, ficando a cargo do artista-fotógrafo esta incumbência de reportar o invisível. O que estas duas técnicas têm em comum é que nunca estou vendo o que será o resultado.
Artsoul: Quais são seus projetos atuais no campo da arte?
Terminar a construção de meu ateliê em Nova Friburgo. Paralelamente tenho desenvolvido o projeto Flight Paintings, de árvores iluminadas ã noite com luzes presas na fuselagem de um drone. Seria um “light painting aéreo”. Também desenvolvi durante a quarentena em Friburgo o projeto “Novo normal: velho essencial”, que obteve prêmio do Institito PIPA.
Artsoul: Quais artistas são as suas referências , inspirações ?
São muitos e cometeria injustiças ao tentar enumerar todos. Nunca tive uma referência muito definida.
Artsoul: Quais foram os principais desafios que você vivenciou ao longo de sua carreira?
O desafio contínuo e eterno é ser um artista que vive exclusivamente de seu trabalho no Brasil.
Artsoul: Agora , para encerrar , fale :
uma obra de arte
Ensaio sobre a cegueira, de Saramago.
um livro
Quincas Borba, de Machado.
um filme ou serie
Todos do Polanski
uma musica
“A nivel de”, de João Bosco e Aldir Blanc
um lugar
Ausangate, Peru.
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