No último dia 19 de fevereiro, a arte contemporânea sentiu a perda do artista plástico Dan Graham que morreu aos 79 anos em Nova York. O artista mantinha uma produção textual consistente e diversa, foi importante artista conceitual e crítico de arte que desde a década de 1970 influencia o campo da cultura.
Fotografia de Dan Graham em 2007. Imagem: Wikipedia.
Graham iniciou sua carreira em 1964 quando esteve à frente da galeria John Daniels em Nova York. Com três anos produzindo exposições ele começou a produzir suas próprias peças, influenciado pela arte conceitual e pelo movimento minimalista.
A princípio, suas ações exploravam a estrutura da revista para combinar fotografia e sequências numerológicas, às vezes até poemas concretos eram incluídos. Esses trabalhos, como Figurative, já demonstravam o gosto do artista por induzir a ressignificação de percepções estáveis. Por mais que os elementos possam sugerir uma peça publicitária, ao inseri-los em outro contexto, há um esvaziamento do caráter mercadológico daquela imagem, quebrando um padrão de consumo.
Figurative, 1965. Dan Graham. Imagem: MoMA
Na década de 1970, Graham se dedicou a trabalhos com vídeos, produziu alguns filmes e performances que foram registradas em vídeo como Performer/Audience/Mirror de 1975, em que ele interage com o movimento do público tornando óbvia a coexistência da subjetividade e da objetividade, afinal, o público obedece aos comandos de forma objetiva mas cada um o faz instrumentalizando sua subjetividade.
Performer/Audience/Mirror, 1975. Dan Graham. Imagem: MoMA.
No seu processo criativo explorou muitas linguagens, dentre elas a performance, o vídeo, a fotografia e se destacou na instalação, operando-a tão assertivamente que movimentou muitos debates a respeito da fronteira entre arte e arquitetura que sua produção conflui tão bem.
Essas instalações passaram a ser comissionadas pelos mais diferentes lugares do mundo, incluindo o Brasil que possui uma peça em Inhotim. Elas eram instaladas em lugares públicos, interpelando cotidianos e fazendo o fluxo usual ser interrompido pela arte. Estes trabalhos ficaram conhecidos como pavilhões, produzidos da década de 1980 até o fim de sua vida.
Pavilhão em Berlim, Alemanha, 2007. Dan Graham. Imagem: Wikimedia
Como o Pavilhão em Berlim esses objetos que Graham produziu possuem aspectos geometrizantes formados com vidros e estruturas de aço, às vezes com espelhos em sua composição, a transparência é fundamental para que não surja como apenas um obstáculo mas desloque o fluxo habitual, ela altera o ambiente, penetrando-o ainda que em transparência.
Graham manteve viva a produção conceitual com séries de obras que moveram por décadas o debate que orbita arte, cidade e o público e até mesmo sobre cultura de massas e sua relação com a cidade e objetos de finalidade artística. O caráter cerebral de suas obras se relaciona com sua prática crítica, curatorial e escrita que conferem ao seu trabalho uma perspectiva mais teórica.
Dan Graham participou de inúmeras exposições coletivas e individuais durante seus mais de 50 anos de atividade e nos deixa com trabalhos espalhados por praças e museus do mundo todo que torna permanente seu legado.
Giovanna Gregório é graduanda em Arte: Historia, Critica e Curadoria pela PUC-SP. Pesquisadora e crítica independente.
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