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A Amazônia na obra de artistas brasileiros; arte e ativismo ambiental

Publicado por Victoria Louise em 26/09/2022
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Conheça os trabalhos de alguns artistas que fazem do seu trabalho ativismo

A arte é multifacetada. Com e por ela – através de incontáveis maneiras – é possível provocar, emocionar, refletir, atentar, sentir (e muito mais). Nessa multiplicidade, artistas encontram diferentes meios de sensibilizar espectadores e levar adiante causas e ativismos. Entre eles, o ambiental.

A arte engajada com o meio ambiente não é nova. Ela busca, de diferentes maneiras, sensibilizar, conscientizar e até convidar o público a agir. Artistas ativistas – artivistas – ao redor do mundo chamam a atenção para as questões ambientais de nossos tempos. Seja da maior ou da menor escala.

No Brasil, isso não é diferente. É interessante, porém, notar que o tema da preservação de nossos tão diversos biomas é um dos temas que sempre perpassa os trabalhos de artistas engajados. As obras  chamam a atenção para a beleza da diversidade natural do país e/ou para a destruição que essa mesma natureza tem sofrido – cada vez mais – na contemporaneidade.

A Amazônia, bioma com uma das maiores biodiversidades do planeta, protagoniza muitos desses trabalhos. Entre os artistas estão Sebastião Salgado, Mundano e Frans Krajcberg. Cada um com linguagens distintas, levanta questões ambientais e problemáticas que envolvem a floresta amazônica.

 Sebastião Salgado

Retrato de Sebastião Salgado. Reprodução: El País.

Salgado, através da fotografia, retrata em sua obra tanto a floresta quanto os povos que habitam nela. Dentro de sua carreira, é possível destacar a exposição “Amazônia”. Composta por quase 200 painéis fotográficos, a exposição já passou por Paris, Roma e Londres. Mais recentemente, a mostra esteve em São Paulo e agora segue no Museu do Amanhã, na cidade do Rio de Janeiro, até 29 de janeiro de 2023.

Fotografia de Sebastião Salgado presente na exposição Amazônia. Reprodução: Casacor.

Sebastião Salgado nasceu em 1944, em Minas Gerais, e se formou economista em 1967. Seguiu sua formação acadêmica até 1973, quando decidiu dedicar-se à fotografia. A carreira na fotografia começou pelo seu relacionamento com Lélia Wanick. Hoje curadora de “Amazônia” e com quem Sebastião é casado.

Suas primeiras experiências foram com o fotojornalismo, documentando diversos acontecimentos políticos e sociais. Foi quando abriu sua própria agência em 1994, a Amazonas Imagens, que suas imagens passaram a ganhar um caráter mais humanista. Desde então o fotógrafo e o artista se tornaram um só.

Seu trabalho chamou a atenção pela beleza dramática das impressões em preto e branco. Dotadas de um contraste preciso, o encanto da sua documentação de povos originários e paisagens naturais é sensibilizador.

“Amazônia” representa um retrato do que ainda existe e – hoje mais do que nunca – do que pode ser perdido. É possível destacar as imagens dos “rios voadores”, que ilustram de maneira encantadora o fenômeno; e as instalações em forma de ocas, onde são dedicados materiais a diferentes povos indígenas da floresta. 

A mostra tem causado impacto por onde passa, lembrando quão impressionante a vida na floresta é, seja na visão aérea que traz a curva luminosa de um rio, seja nos minuciosos adornos utilizados pelos povos originários. Salgado também lançou, em 2021, um livro homônimo produzido junto com a exposição itinerária que, na época, estava em cartaz em Paris. 

Xamã yanomami em ritual durante a subida para o Pico da Neblina, Estado do Amazonas. 2014. Foto: Sebastião Salgado. Reprodução: Jornal USP.

Por seu olhar preciso, Salgado foi selecionado na 32ª Edição do Praemium Imperiale no ano passado. Indicado na categoria pintura, a instituição responsável pela premiação descreve seu trabalho como “obras que destacam os despossuídos e explorados, a beleza da natureza e a fragilidade do mundo e dos seus habitantes”.

Mundano

Registro de Mundano. 2020. Foto: Marcus Leoni. Reprodução: Itaú Cultural

O artivista Mundano ganhou notoriedade através de trabalhos que denunciam desigualdades sociais e questões climáticas. Um de seus projetos mais famosos foi o “Pimp my Carroça”. Nele o artista fez intervenções nas carroças dos agentes de reciclagem conhecidos como catadores. Mundano pinta as carroças dos catadores e deixa nela frases provocativas – escolhidas em conjunto com o dono de cada carroça, após uma conversa entre o artista e os agentes. O projeto – que contou com frases como “Não buzine! Agente ambiental trabalhando” nas carroças – buscou dar visibilidades a estes agentes comumente marginalizados e acentuar a importância de seu trabalho.

Carroça pintada por Mundano. Reprodução: Nexo.

Mundano nasceu em São Paulo em 1986. Grafiteiro, dedica boa parte de seu trabalho à arte urbana e das ruas. O interesse pelo grafite surgiu já na adolescência, quando integrou coletivos de grafite (as chamadas “crews”). A partir de 2006 começou a assinar seus trabalhos como Mundano. Em seu grafite papo reto o artista costuma trazer o uso do texto que se comunica diretamente com o espectador. Seus personagens têm expressões tal qual carrancas. Olhos e narinas grandes, lábios grossos e cores intensas.

Mundano gritando. Reprodução: Nexo.

Recentemente, o artista realizou uma releitura de um dos quadros de Portinari. Concluída no ano passado, o impressionante mural de Mundano foi pintado com uma tinta feita com cinzas dos incêndios da floresta amazônica. A produção das tintas fez parte do projeto Cinzas da Floresta –  organizado pela Rede Nacional de Brigadas Voluntárias, que realizou uma expedição pelos biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Na viagem foram recolhidos e produzidos materiais – como a tinta usada por Mundano – para denunciar crimes e sensibilizar para a causa ambiental através da arte.

O mural de quase mil metros quadrados traz, no lugar do lavrador de café, a figura de um brigadista – voluntário que atua, entre outras coisas, no combate às queimadas, incêndios e outras situações similares de resgate ou contenção de calamidades. 

Mural feito por Mundano retrato brigadista em releitura de Portinari com cinzas da Amazônia, 2021. Foto: Cris Faga/Estadão Conteúdo. Reprodução: G1.

Para Mundano a releitura de obras clássicas denunciando e alertando sobre a nossa situação climática já não é novidade. Desta vez, com seu brigadista, resultado do Cinzas da Floresta, o artista chama a atenção para o avanço das queimadas – principalmente irregulares – na Amazônia. “Estou usando a prova de um crime”.

Frans Krajcberg

Foto de Frans Krajcberg. Reprodução: eCycle.

Krajcberg também denuncia  os ferimentos da floresta. Com troncos e raízes calcinadas – principalmente para transformar a floresta amazônica em pasto – recolhidos pelo artista, suas esculturas trazem à tona o que a natureza tem sofrido. “Procuro me exprimir com esse material quebrado, assassinado, tudo isso pra mostrar: veja, ontem foi uma bela árvore, hoje é um pau queimado”, diz o artista.

Conjunto de escultura. 1998. Frans Krajcberg. Reprodução: Dasartes.

Para Krajcberg a natureza tem um papel fundamental. Naturalizado brasileiro, o artista nasceu na Polônia em 1921, teve sua família – judia – perseguida e morta pelo nazismo. Após conseguir escapar dos nazistas, foi paraquedista e lutou nos exércitos russo e polonês. Sobreviveu aos horrores da Segunda Guerra e estudou engenharia e artes em Leningrado, na antiga URSS. Chegou no Brasil em 1948. Viajou para fora do país por algumas temporadas até que se instalou definitivamente no sul da Bahia, em Nova Viçosa, no início da década de 70. Lá encontrou seu refúgio.

A natureza ajudou Krajcberg a lidar com seus traumas. Relutante do título de “artista”, o escultor fez da missão de seu trabalho dar volume ao grito da floresta. Dedicou-se também a atuar como ecologista. De atuação profícua, teve papel imprescindível para a criação do projeto SOS Mata Atlântica.

A exposição “por uma arquitetura da natureza” apresentada pelo MuBE no início deste ano resgatou a importância do artista na luta ambiental no país. Suas esculturas de cores fortes e formas contorcidas causam impacto nos espectadores.

Exposição “Frans Krajcberg: por uma Arquitetura da Natureza”, no MuBE, Reprodução: CNN

A obra de Krajcberg, mesmo apontando para o trauma da morte da natureza, também a eterniza. É possível interpretar sua vasta coleção como uma permanência, uma sobrevivência, a luta e resistência da vida. Suas obras trazem um grito que clama por uma nova forma de vivência.

Urgência climática e a arte

Historicamente, a região amazônica foi protagonista e pano de fundo de diversas ações de proteção e ecologismo. Denúncias contra queimadas, extrativismos e caças realizados ilegalmente não apenas ferem a vida animal e vegetal do bioma, como também de seus povos originários – que se encontram no meio de uma linha de fogo. Seu modo de viver – que se alinha com a floresta e não a destrói – está também ameaçado.

Essas são apenas questões imediatas. O desmatamento da região deixa a população brasileira exposta ao risco de mais e mais crises do clima. Nos últimos anos houve um avanço do desmatamento na floresta. A arte – há décadas – tem tido um papel fundamental em amplificar o grito por socorro e conscientizar e mobilizar pessoas ao redor do mundo.

Matheus Paiva é produtor cultural e internacionalista, formado pela Universidade de São Paulo.

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2 Comments

  1. Jasmin disse:
    29/09/2022 às 10:25 am

    Parabéns por levantarem a questão amazônica na arte brasileira. Gostaria de lembrar do pintor Sepp Baendereck, amigo de Krajcberg e parceiro nas expedições e na luta pela preservação da Amazônia. Agora em exposição no Masp em Histórias Brasileiras.

    Responder
  2. marivaldo pimentel disse:
    29/09/2022 às 11:24 am

    Olá amigos,
    Fico feliz, em ver a obra de artistas sendo divulgadas num meio de comunicação de grande penetração. Sou designer de joias, já inventei de tudo (Marivadesigner- Instagram) (no google- Marivaldo Pimentel) cheguei aos 80 anos com pouca divulgação da minha arte… Consegui levar o nome do Brasil na arte da joalheria pelos 5 cantos do mundo com um prêmio American Facet em 2002 patrocinado pela Swarovski no mundo ganhando o primeiro lugar nas américas com a “Gargantilha Copacabana” e depois sétimo no mundo com a mesma peça, com exposição em N.York e Espanha. Em função desse êxito lançei o livro “Joias &Perolas” onde conto sobre a premiação, além de fotos com poesias específicas para cada uma das 40 criações que fazem parte do livro…Marivaldo Pimentel(Marivaldodesigner@gmail.com)

    Responder

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