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Moldura: como a escolha certa transforma a sua decoração

Publicado por Artsoul em 02/12/2025
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Uma peça de  arte em casa é um elemento poderoso na composição de qualquer lar com personalidade. No entanto, o elemento que a circunda, protege e, por vezes, define essa obra é frequentemente subestimado: a moldura. Comumente vista apenas como um acabamento ou uma simples proteção, a moldura é, na verdade, um dispositivo narrativo poderoso.

Para desvendar a arte de escolher e harmonizar a moldura ideal, conversamos com José Marton, artista e profissional de suporte à arte. Formado em artes visuais, Marton construiu uma carreira transversal que liga a arte à indústria, atuando com cenografia, design de produto e, também, com o suporte e a instalação de obras, a chamada “arte pós-ateliê”.

Sua expertise em viabilizar a presença da arte em espaços complexos o torna a voz perfeita para discutir o que aqui nos importa: a harmonia entre a obra, o limite que a define e o ambiente que a acolhe.

Colores primários. Cromática., 2015. Tania Candiani. Reprodução: Galeria Vermelho. Foto: Galeria Vermelho. A instalação da peça de Tania tem uma abordagem não convencional, usando prego de aço para instalar o tecido da obra da artista.

1. A Regra de Ouro da harmonia: o diálogo ativo que transforma a escolha

No universo do design de interiores, a moldura é o elo final entre a linguagem do artista e a linguagem do morador. A primeira e mais crucial lição é sobre a sutileza. José Marton é categórico ao elevá-la de função decorativa para discurso visual, mas enfatiza que o ponto de partida deve ser o olhar atento e o diálogo.

“A moldura não é só um acabamento; ela é finalização e proteção, e essas duas coisas estão totalmente conectadas,” explica Marton. “O meu trabalho é entender a arte pós-ateliê, onde a moldura entra como um elemento de design a serviço do artista, da obra e do ambiente.”

Para Marton, a verdadeira Regra de Ouro não é um resultado visual, mas sim um processo cuidadoso de escolha, de entender a casa em sua totalidade.

Regra de Ouro: “A solução é o processo. É preciso entender a casa, o que a pessoa gosta e faz, para então mostrar a harmonia entre moldura, casa e obra. Nosso trabalho é aguçar a percepção, fazer o morador olhar a casa de outra forma.”

É desse processo, de entender o lar como um todo e de aguçar a percepção do morador sobre o seu próprio espaço, que nasce a harmonia. A moldura deve complementar a paleta e a escala da peça, garantindo que o olhar do visitante seja conduzido para o centro: a arte.

A escolha da cor, do material e da espessura, por exemplo, precisam dialogar com a paleta, a escala e com o posicionamento da peça, garantindo que a obra de arte seja valorizada quando olhada naquele ambiente.

2. Instalação é curadoria: como posicionar a obra no diálogo do ambiente

A escolha da moldura é apenas metade do processo. Sua instalação é um ato de design que dialoga diretamente com a arquitetura e o mobiliário. Aqui, o olhar do especialista em instalação se torna indispensável. Marton define esse processo como um gesto de curadoria.

Em projetos de decoração, a obra de arte raramente chega antes do sofá ou da estante. É nesse contexto de elementos pré-existentes que a moldura assume essa missão complexa de complementar e ser a transição perfeita entre obra e ambiente.

A altura e o posicionamento são cruciais para essa harmonia. É preciso considerar o pé-direito do ambiente, a escala dos móveis e o ponto de vista do observador. 

Para Marton, a moldura é essa ponte de mediação entre a arte e a vida. Ela precisa conversar com a luz, com a textura das paredes e com os materiais do design. Se a arquitetura do ambiente for limpa e minimalista, uma moldura muito ornamentada pode gerar um ruído desnecessário. Em um ambiente com muita informação, um acabamento clean pode funcionar como o respiro que a composição exige.

3. A moldura invisível: o segredo do acabamento que eleva a obra (e o design)

Em alguns casos, a melhor moldura é aquela que se anula ou que se transforma em um objeto de arte. A solução técnica é tão perfeita que o olho nem a registra, mas dá à obra ainda uma nova camada.

Marton relata projetos onde o desafio era fazer o acabamento desaparecer para que a imagem pudesse, literalmente, se expandir.

“A imagem, naquela série vermelha da Rosângela Rennó, por exemplo, precisa que você se aproxime. A moldura não podia ser uma barreira. O design correto permite o trabalho de expansão do olhar do meio para fora, onde você vê a obra e, só depois, percebe o trabalho sutil de acabamento.”

Série Vermelha (Militares), 2000 / 2003. Rosangela Rennó. Reprodução: Galeria Vermelho. Foto: Filipe Berndt. A emolduração sutil, em tom de vermelho próximo ao da obra causa um efeito que eleva a apreciação das peças.

A moldura precisava proteger o material, mas também ter um tom de vermelho específico, quase idêntico ao da fotografia, fazendo o limite se fundir à imagem. Esse tipo de solução faz da moldura um elemento de conservação e também de conceito.

Em outro exemplo de trabalho, o foco na leveza levou à instalação de obras em tecido usando apenas um prego de aço. “Tivemos a série em que optamos por não usar madeira. Isso prova que, às vezes, a melhor ‘moldura’ está quase na sua ausência, é a leveza que valoriza o conceito,” conta. Nesses casos extremos, o objeto que cerca a obra não é mais apenas um acabamento, mas sim uma moldura-objeto que reforça a ideia do artista.

Sem título, 2025. India Filipin. Foto Artsoul
Sem título, 2025. Eduardo Bragança. Foto Artsoul

4. Olhar de colecionador: como garantir uma escolha atemporal para a sua arte

A decisão final sobre a moldura é, inevitavelmente, um investimento de longo prazo, tanto estético quanto financeiro. 

O desafio reside em conciliar o estilo da obra (por exemplo, arte moderna ou contemporânea) com a moldura e com a vida do colecionador. A escolha errada pode comprometer a longevidade da peça no ambiente, exigindo trocas custosas.

Um erro comum, segundo Marton, é a falta de harmonia: “O que mais vejo é gente que coleciona arte moderna e contemporânea usando molduras muito clássicas e ornamentadas. Muitas vezes, isso não traz harmonia ao ambiente onde estão.”

A grande missão contemporânea da moldura é a proteção e a valorização estética, assim como a integração bem-sucedida da obra no dia a dia, fugindo das soluções fáceis e padronizadas.

Ao final, a moldura é a sua chance de garantir que a arte possa habitar o seu lar de forma coesa, duradoura e com a presença exata que o design exige. A moldura perfeita é aquela que se silencia para deixar a obra falar, mas que, ao mesmo tempo, sussurra ao ambiente que ali existe um diálogo planejado e cheio de significado.

Matheus Paiva é internacionalista, formado pela Universidade de São Paulo, e produtor cultural

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