No início de maio, o cinema brasileiro celebrou o lançamento de mais um título. Dessa vez, a história que chegou aos telões foi “Vermelho Monet”, do cearense Halder Gomes. Após exibições em Lisboa e Paris, o filme teve sua pré-estreia no Brasil no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza (CE), com a presença exclusiva do diretor, elenco e convidados.
Autor de comédias aclamadas como “Os Parças” e “Cine Holliúdy”, Gomes lança agora um drama envolvente, que expõe as camadas de subjetividade, cobiça e obsessão escondidas no universo da arte. A trama narra a história de Johannes Van Almeida, pintor que nunca teve sua produção reconhecida ou valorizada pelo mercado de arte, e que começa a perder a visão em cores. Nessa condição, o único tom capaz de guiar os olhos do protagonista é o ruivo dos cabelos de sua amada, Adele, que possui uma doença já avançada.
À beira de um colapso, o artista encontra sua nova musa inspiradora de cabelos vermelhos, que substituirá a primeira. É Florence Lizz, uma atriz insegura que está em preparação para o trabalho mais desafiador de sua carreira. Em meio a este turbilhão de emoções, Johannes precisa lidar, ainda, com a pressão de Antoinette Lefèvre, sua antiga parceira e marchand influente, que vive em busca de talentos para lançar às galerias e museus de Portugal, onde se passa o enredo.
A complexidade das personagens é interpretada por grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Chico Díaz e Maria Fernanda Cândido, além de um importante elenco português, com atrizes e atores como Gracinda Nave e Duarte Gomes. Este grupo destacado levanta, em suas atuações, debates sobre a transformação da arte enquanto mercadoria – quando e como o produto artístico se torna objeto de valor e poder?
É a partir do trabalho de Antoinette, a marchand, que o filme se aprofunda nesta discussão, envolvendo também os grandes leilões e a falsificação de obras. Para a personagem, o que mais importa é alcançar o status social e econômico que deseja, mesmo que isso implique cometer fraudes.
Parte da inspiração para criar essa história veio da própria paixão de Halder Gomes pela pintura. “Sou apaixonado por desenho e pintura desde a infância. Passo grande parte do meu tempo desenhando, pintando, lendo sobre pintores ou viajando para ver museus. Chegou o momento em que, depois de acumular tanta coisa, veio o desejo de transformar isso em filme”, explicou o cineasta em entrevista à Vejinha.
O longa tem fotografia de Carina Sanginitto e direção de arte de Juliana Ribeiro. “Vermelho Monet” é apenas a primeira parte de uma trilogia planejada pelo diretor, e que pretende lançar “Azul Vermeer” como continuidade.
Confira o trailer a seguir: