O Prêmio Pipa, um dos mais prestigiados reconhecimentos da arte contemporânea brasileira, está de volta anunciando os vencedores da edição de 2023. Com o objetivo de valorizar e destacar artistas emergentes, a premiação busca fomentar a produção artística nacional e promover a difusão da cultura no Brasil e no exterior.
Criado em 2007, o Prêmio Pipa se tornou referência no cenário artístico ao longo dos anos, consolidando-se como um importante catalisador para artistas contemporâneos que buscam visibilidade e reconhecimento. Com uma abordagem inclusiva, o prêmio acolhe diversas formas de expressão, como pintura, escultura, instalação, performance, vídeoarte e muito mais.
A dinâmica da premiação ocorre em etapas, desde a indicação dos artistas até a consagração do grande vencedor. A seleção dos participantes é feita por um comitê composto por especialistas e críticos de arte renomados, que analisam o trabalho de dezenas de artistas nacionais e pré-selecionam aqueles que se destacaram no cenário artístico contemporâneo.
Após a seleção dos indicados – e nesta edição foram 73 artistas dos quais 61 eram indicados pela primeira vez – o prêmio entra em sua segunda fase, conhecida como Votação Popular. Nessa etapa, o público tem a oportunidade de conhecer e votar em seus artistas favoritos por meio do site oficial do Prêmio Pipa. A participação do público é crucial, pois o voto popular ajuda a determinar os finalistas e o grande vencedor.
Os finalistas, escolhidos pela soma dos votos populares e a avaliação do comitê, têm suas obras expostas em uma mostra especial, que acontece de forma virtual e presencial, que será realizada no Paço Imperial do Rio de Janeiro entre 09 de setembro e 12 de novembro ainda este ano. A exposição proporciona ao público a oportunidade de conhecer de perto as criações dos artistas e mergulhar em um universo de expressões artísticas únicas e provocativas.
A cerimônia de premiação do Prêmio Pipa 2023 é o ponto alto do evento. Durante a cerimônia, são revelados os vencedores nas diferentes categorias e é anunciado o grande vencedor do prêmio. Além do reconhecimento e prestígio, os artistas vencedores recebem uma premiação em dinheiro que auxilia em suas carreiras e na continuidade de seus projetos artísticos.
Apresentamos os artistas premiados, anunciados por Luiz Camillo Osorio, curador do Instituto PIPA:
Glicéria Tupinambá (BA) é uma artista indígena brasileira nascida na aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul do estado da Bahia. Além de ser uma artista visual, ela também é líder comunitária e ativista envolvida em diversas questões sociais, incluindo educação, organização produtiva da aldeia, serviços sociais e direitos das mulheres.
A formação acadêmica de Glicéria inclui uma graduação em Licenciatura Intercultural Indígena pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). Atualmente, ela está cursando mestrado em Antropologia Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua obra artística reflete sua identidade indígena e suas lutas cotidianas, explorando temas como memória, ancestralidade e resistência. Utilizando diferentes suportes e linguagens, Glicéria busca valorizar e disseminar a cultura e o conhecimento de seu povo através de sua arte.
Helô Sanvoy (GO) é mestre em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). O artista também é licenciado em Artes Visuais pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG). Além de sua prática artística individual, Helô faz parte do coletivo de performance Grupo EmpreZa, no qual pesquisa a poética do corpo e suas manifestações.
Sua arte é marcada pela experimentação com materiais diversos e pela exploração de processos e linguagens artísticas inovadoras. Helô já participou de exposições individuais e coletivas em diversas instituições e espaços no Brasil, demonstrando sua capacidade de expressão artística singular. Sua obra muitas vezes provoca reflexões sobre a corporeidade, a identidade e a relação entre o corpo e o espaço.
Iagor Peres (RJ) é um artista carioca cuja obra abrange escultura, vídeo, instalação e performance. Sua prática artística é marcada por uma busca incessante em questionar as noções convencionais de visualidade e explorar outras dimensões visíveis e invisíveis que permeiam nossas relações espaciais.
Membro do coletivo Carni-Coletivo de Arte Negra e Indígena, Iagor traz em sua arte uma abordagem crítica sobre a realidade e a experiência das populações negra e indígena no Brasil. Sua obra muitas vezes incorpora elementos sintéticos e orgânicos, criando materialidades amorfas e imprevisíveis que estimulam a reflexão e a sensibilidade do espectador. Ele já recebeu prêmios e participou de residências artísticas no Brasil e no exterior, consolidando-se como uma figura importante no cenário artístico contemporâneo.
Luana Vitra (MG) é formada em Artes Plásticas pela Escola Guignard (UEMG). Além de artista visual, ela é professora de artes, dançarina, pesquisadora e curadora independente. Sua obra engloba diferentes mídias, incluindo pintura, desenho, colagem e intervenção urbana.
Com um estilo vibrante e expressivo, Luana busca explorar as complexidades da experiência humana, muitas vezes abordando questões de gênero, identidade e memória. Seu trabalho transita entre o pessoal e o coletivo, convidando o público a refletir sobre suas próprias narrativas e vivências. Luana já participou de exposições individuais e coletivas em diversas galerias e instituições de arte no Brasil, ampliando sua visibilidade e contribuindo para o diálogo artístico contemporâneo.
Giovanna Gregório é formada em Arte: História, Crítica e Curadoria pela PUC-SP. Pesquisadora e crítica independente.
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