Sempre presente nas conversas sobre arte contemporânea, Andy Warhol alcança o ápice ao conquistar recorde de venda para obras do século XX no último leilão da Christie’s em Nova York. Nesta segunda-feira (09), a casa de leilão bateu o martelo em US$ 195 milhões – ou 1 bilhão de reais na cotação da moeda brasileira – para “Shot Sage Blue Marilyn” (1964).
O posto anterior no recorde de valor para obra do século XX no mercado de arte pertencia à tela “As mulheres de Argel”, de Pablo Picasso, vendida por US$ 179,4 milhões em 2015. Além disso, a obra em questão se torna também a segunda obra de arte mais cara a ser vendida em leilão dentre todos os períodos – logo atrás de Salvator Mundi , de Leonardo da Vinci, vendida em 2017.
O retrato da estrela hollywoodiana Marilyn Monroe, de 1964, tem 1,1 x 1,1 metro e foi feito após a morte da atriz dois anos antes. Composto por cores contrastantes e alinhadas às propagandas comerciais da época, a obra é símbolo do movimento da pop art ao qual Andy Warhol estava inserido. Além dos cinco retratos que o artista fez de Monroe, os retratos da Monalisa ou de Mao Tse Tung representam o tom da obra de Warhol na crítica aos efeitos da massificação dos meios de comunicação.
A peça vem da Fundação Thomas e Doris Ammann em Zurique e tinha como estimativa inicial um valor ainda mais alto de US$ 200 milhões. A venda contou com licitantes registrados de 29 países e foi vista por 763 mil espectadores que assistiram virtualmente à ação.
O comprador não teve a identidade revelada, mas a instituição garantiu que 100% do valor de venda será revertido em doação para instituições de caridade, sendo 20% revertido a alguma instituição de escolha do comprador.
O leilão desta segunda-feira marcou o primeiro de dois leilões dedicados a esta coleção, continuando nesta terça-feira (10). A Christie’s afirma que após quase duas horas de lances, a venda noturna da coleção de Thomas e Doris Ammann totalizou US$ 317.806.490 e inclui outros nomes como Jean Michel Basquiat, Mike Bidlo, Alberto Giacometti e Lucian Freud.
Warhol também vem sendo mencionado na mídia no último ano em razão do lançamento da Netflix, “The Andy Warhol Diaries” (Os diários de Andy Warhol) em março deste ano; uma série documental produzida a partir dos seus diários, incluindo depoimentos de profissionais e pessoas próximas ao artista. No Brasil, estará em cartaz no segundo semestre deste ano a exposição “Pelas Ruas: Vida Moderna e Diversidade na Arte dos Estados Unidos” na Pinacoteca de São Paulo, reunindo obras de Andy Warhol, Georgia O’Keeffe e Edward Hopper.
Victoria Louise é jornalista cultural, formada em Crítica e Curadoria da Arte e Gestão Cultural pela PUC-SP.
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