Em busca de arte? Colecionar arte ainda é entendido pela maioria como uma atividade custosa. Embora existam obras de arte multimilionárias, adquirir o trabalho de um artista não precisa ser uma atividade proibitiva. Para quem busca encontrar obras de arte com preços mais realistas, há duas estratégias iniciais básicas: múltiplos (quando existe mais de um exemplar do mesmo trabalho, como no caso de uma fotografia ou gravura) e as criações de jovens artistas.
A Carbono Galeria é especializada em múltiplos. Convidados pela galeria, artistas consolidados criam obras que não são singulares, mas que mantém a qualidade e integridade da pesquisa que norteia seus trabalhos. Por exemplo, a fotografia Castelinho de Areia (2012), de Adriana Varejão, reconhecida internacionalmente como uma das mais importantes artistas brasileiras da atualidade, tem tiragem limitada de 100 que são vendidas a R$ 6.800 cada, na Carbono. No caso de múltiplos, o senso de exclusividade é substituído pela acessibilidade à proposta e pesquisa do artista por meio de um trabalho que foi pensado e criado para existir em mais de um exemplar.
“Exclusividade custa caro em qualquer mercado. Nossa intenção ao fazer múltiplos é tornar bons trabalhos de arte contemporânea mais acessíveis”, diz Renata Castro e Silva, cofundadora da Carbono Galeria ao lado da sócia Ana Serra.
Para Lucas Cimino, da Zipper Galeria, tornar a arte mais acessível não significa apenas trabalhar com valores relativamente menores, mas também incentivar a aproximação do público da arte. A Zipper busca ser receptiva e manter uma linguagem simples e direta em toda a sua comunicação. O resultado, contou Lucas, é uma média mensal de 600 visitantes, dos quais apenas 5% são de fato clientes. “Eu gosto de ver a casa cheia! Faz parte da nossa missão alcançar bastante gente, é uma satisfação pessoal”, explica.
A Zipper representa principalmente artistas cuja carreira está em ascensão, e tem trabalhos que gravitam na faixa entre R$10 e R$20 mil. Este nicho era pouco representado em São Paulo há oito anos, quando surgiu a galeria. A aposta se provou um sucesso: Lucas conta que a Zipper cresceu 20% ao ano entre 2010 e 2015, e relata que a maior parte de seus clientes são novos colecionadores ou compradores que se apaixonaram por uma obra, mas não necessariamente pretendem constituir uma extensa coleção.
A Galeria Superfície, por sua vez, traz ambas as propostas: edita trabalhos múltiplos de artistas consagrados e aposta em talentos emergentes. Uma serigrafia de Leonilson, cuja importância de seu trabalho é reconhecido internacionalmente, pode custar a partir de R$1.500 e uma pintura Yasmin Guimarães, de 27 anos, entre R$2.500 e R$3 mil. Ao mesmo tempo, a Superfície também tem em seu acervo obras de grandes nomes, como Mira Schendel, de valor bem mais elevado.
No entanto, Gustavo Nóbrega, diretor da Galeria Superfície, vê o maior sinal de democratização no mercado da arte, no caráter das exposições. “As galerias estão com um viés mais institucional. Não estão só preocupadas com a venda, mas também com a formação de público. As exposições não são voltadas apenas para o comércio”, avalia. A tendência é internacional e já há exemplos em São Paulo, como ’50 anos Poema/Processo’, que ocorreu no final de 2017 paralelamente na Superfície e na Biblioteca Mário de Andrade, após dois anos de pesquisa. Assim, pessoas que se interessam cada vez mais por arte têm bons motivos para visitar as galerias, seja para comprar um trabalho ou simplesmente ver uma boa exposição.
Maria Silvia Ferraz é jornalista e apaixonada por arte contemporânea
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