“Percorrer tempos e ver as mesmas coisas” André Griffo (2017). Créditos: Divulgação
A 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, exibe obras de 55 artistas, de 28 países entre América Latina, África, Leste Europeu, Ásia e Oriente Médio. A atual edição da mostra, nomeada “Comunidades Imaginadas” se direciona à ideia de nacionalismo, elaborando a presença de múltiplas formas de organização comunitária e social que povoam os Estados nacionais, atuando em suas brechas, margens, ou ultrapassando suas fronteiras. O título, faz referência ao conhecido estudo de Benedict Anderson que examina os nacionalismos, para além de seus lugares comuns. Em um mundo marcado pelas pressões da globalização, investiga a criação rica, e muitas vezes contraditória, das comunidades imaginadas.
Sejam elas comunidades religiosas, tradicionais, grupos de migrantes, refugiados deslocados de seus territórios originais, comunidades fictícias, utópicas, clandestinas, estes grupos, e suas criações culturais, contribuem para refletir sobre as tensões que marcam nosso tempo. Este horizonte de indagações oferece o eixo curatorial da Bienal, que contará com debates, performances, exibição de filmes e um relevante seminário internacional, com a presença de nomes como Lucy Lippard, Vladimir Safatle e Ampam Karakras.
As atividades da Associação Cultural Videobrasil promovem difusão e pesquisa, em torno da produção artística contemporânea nas regiões vinculadas ao Sul geopolítico. Este é o primeiro ano em que o nome Bienal é adotado, afirmando não apenas a periodicidade da mostra – tradicionalmente instalada nos espaços do Sesc Pompéia – mas também sua inserção em um panorama internacional de instituições que, segundo Solange Farkas, buscam “constituir um circuito paralelo àquele centrado no eixo Europa-Estados Unidos”. Esta é também a primeira vez em que o conceito norteador da exposição é anunciado ainda na convocatória, feita aos artistas. Presidida por Solange Farkas, a mostra conta, em sua 21ª edição, com a colaboração do trio de curadores Gabriel Bogossian, Luisa Duarte e Miguel López.
Apresentando instalações, pinturas, fotografias e vídeos, a exposição abre-se à polifonia do centro de São Paulo e ocupa, neste ano, os espaços do Sesc 24 de Maio projetados pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Entre os artistas selecionados, muitos são oriundos de povos originários e indígenas, como oferecem exemplo a presença das obras de Alberto Guarani (Brasil), Jim Denomie (Estados Unidos) e Claudia Martínez Garay (Peru / Países Baixos). Outras discussões que ganham destaque nesta edição, se vinculam às disputas de fronteira, ao universo Queer/LGBT e às questões raciais. Além das obras selecionadas pelo Júri, a exposição também conta com projetos desenvolvidos por cinco artistas convidados: Andrea Tonacci, Hrair Sarkissian, Teresa Margolles, Rosana Paulino e Thierry Oussou.
Em parte dos trabalhos apresentados, é estabelecida uma relação imersiva e íntima com o público visitante. Entre eles, destaca-se a obra “I went away and forgot you. A while ago I remembered. I remembered I’d forgotten you. I was dreaming” (2017), uma instalação de mosaicos islâmicos feitos de areia, que será ativada pela artista saudita Dana Awartani. O gesto da artista, que irá varrer parte dos mosaicos durante a abertura da mostra, permanecerá resistindo, ou se transformando com a ação do tempo, ao longo dos três meses de exposição. Entre as obras selecionadas também se incluem bandeiras produzidas por Mônica Nador e pelo JAMAC (Jardim Míriam Arte Clube), que ocuparão um dos andares do Sesc 24 de Maio, além de uma vídeo instalação inédita de Rosana Paulino.
Serviço
21a BIENAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA SESC _VIDEOBRASIL I
COMUNIDADES IMAGINADAS
Abertura: 9 de outubro, quarta-feira, às 19h
De 9 de outubro de 2019 a 2 de fevereiro de 2020
De terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 9h às 18h
Sesc 24 de Maio
Rua 24 de Maio, 109, Centro, São Paulo, 300m do metrô República
Fone: (11) 3350-6300
www.bienalsescvideobrasil.org.br
facebook.com/ACVideobrasil
instagram.com/videobrasil
Anna Luísa Veliago Costa é Mestre pelo Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo, é graduada em História pela mesma universidade, com intercâmbio acadêmico na Universidade Sorbonne-Paris IV.
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