Reabertura do Museu do Ipiranga marca o bicentenário da independência

O museu público mais antigo de São Paulo é reinaugurado na última quarta-feira, data que marca o bicentenário da independência do Brasil. O Museu do Ipiranga estava fechado desde 2013 para reforma devido à estrutura do prédio considerada inadequada e insegura para o funcionamento e recepção dos visitantes. 

Administrado pela Universidade de São Paulo (USP), ele integra o edifício projetado para ser um monumento em comemoração à proclamação da independência (1822). Após a inauguração do atual edifício, em 1894, o então Museu Paulista foi transferido e passou a ser compreendido como Museu do Ipiranga. 

Com o fechamento, os mais de 400 mil itens que compõem seu acervo foram transferidos para propriedades da USP, poucas peças ficaram no local, como o quadro Grito do Ipiranga (1888) de Pedro Américo. Durante estes nove anos, mais de três mil objetos do acervo passaram por restauração.

A nova versão do museu mais que dobrou sua área e hoje possui cerca de 13.400 m², abrigando bilheteria, café, loja, salas para atendimento educativo, uma nova entrada integrada ao Jardim Francês, auditório para 200 pessoas e espaço para exposições temporárias, estando apta a receber acervos de outras instituições.

Essa extensa obra teve o custo total de R$ 235 milhões, além dos aportes públicos feitos pelos governos estadual e federal. A reforma contou com a Lei de Incentivo à Cultura e com investimentos privados, totalizando 34 empresas patrocinadoras.

A abertura simbólica aconteceu no feriado de 7 de setembro (Dia da Independência), com a presença dos patrocinadores e de figuras públicas como o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes, o ex-governador do estado de São Paulo, João Dória, e o príncipe Dom João de Orleans e Bragança, representando a família real.

Neste primeiro dia o museu recebeu os funcionários, trabalhadores da obra e seus familiares e um grupo de 200 estudantes de escolas públicas selecionados pelas secretarias estadual e municipal de educação. Com discurso das autoridades e apresentação da Orquestra Sinfônica da USP, os convidados fizeram uma visita guiada pelo museu. 

Neste novo projeto, destacam-se duas iniciativas. A primeira é o educativo, que visa a formação de público e o atendimento para público escolar e espontâneo. A inclusão é outro pilar fundamental, para o qual as salas incluem telas com explicações históricas, com intérpretes de libras, e objetos em braile que o público pode tocar.

 Olhando para pesquisa e acesso, o museu investiu em marcante presença online, contando com acervo digital, redes sociais ativas e aplicativo com inúmeras formas de interação pela internet que podem ser conferidas no site da instituição.

A abertura para o público geral aconteceu em  8 de setembro mediante agendamento, com uma programação extensa de apresentações musicais, projeção de luzes na fachada, dentre outros espetáculos.

Com a reabertura, o Museu do Ipiranga espera receber cerca de 1 milhão de visitantes por ano. Este é um marco importante da cultura do país, o reativamento de um espaço que abriga uma memória cara a todos os brasileiros, possibilitando um espaço de educação, reflexão e conhecimento do passado e seu diálogo com o presente.

Giovanna Gregório é graduanda em Arte: História, Critica e Curadoria pela PUC-SP. Pesquisadora e crítica independente.

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