O Instituto Moreira Salles (IMS) divulgou nesta semana que parte de seu acervo digital está disponível ao público gratuitamente em domínio público. Dentro do acervo disponibilizado estão motivos como paisagens naturais e urbanas, retratos, expedições, o trabalho forçado de pessoas escravizadas, povos indígenas, desenvolvimento urbano, arquitetura, manifestações populares, política e cartografia.
Para uso do público, é possível realizar pesquisa diretamente no acervo online do IMS, selecionar as imagens de domínio público disponíveis e baixá-las. O Instituto ressalta a importância de colocar os devidos créditos nas imagens utilizadas, citando a autoria seguida de “Acervo Instituto Moreira Salles”.
A iniciativa segue a prática de muitas instituições nacionais e internacionais que já disponibilizam partes ou o todo de seus acervos em domínio público, como o Museu de Arte de São Paulo e o The Metropolitan Museum of Art de Nova York. O IMS declarou que a ação faz parte de seus esforços para ampliar o uso e a difusão de arquivos de qualidade e sem burocracia ao seu público. A disponibilização de materiais com livre acesso é uma prática importante, em especial, para o fomento da pesquisa.
O Instituto Moreira Salles é uma organização sem fins lucrativos fundada por Walther Moreira Salles. Instituído primeiramente por uma dotação do Unibanco, e posteriormente ampliada pela família Moreira Salles, o IMS teve seu primeiro centro cultural inaugurado em Poços de Caldas (MG), em 1992, e depois expandiu-se para as cidades de São Paulo (1996) e Rio de Janeira (1999). O Instituto atua nas áreas da fotografia, em mais larga escala, da música, da literatura e da iconografia e tem como finalidade exclusiva a promoção, a formação de acervos e o desenvolvimento de programas culturais nestas áreas. As unidades do IMS contam com uma programação de exposições de visitação gratuita para o público.
O Instituto possui um catálogo de cerca de 2 milhões de imagens – composto por nomes importantes da fotografia, como Marc Ferrez, Augusto Malta e Albert Frisch. Seu acervo de música tem um repositório de 21 mil fonogramas – dentre os quais estão os acervos de nomes como José Ramos Tinhorão, Chiquinha Gonzaga e Pixinguinha. Entre os inúmeros livros que compõem os acervos de literatura, estão arquivos pessoais de Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e Lygia Fagundes Telles. O acervo iconográfico (de aquarelas, gravuras e desenhos) é composto sobretudo por registros de artistas viajantes que vieram para o Brasil a bordo de expedições diplomáticas ou especificamente culturais no século XIX.
O acervo do IMS possui importância histórica para suas áreas de atuação e cumpre um importante papel na manutenção e preservação desses materiais. A disponibilidade de materiais em livre acesso vai em direção da promoção da eficácia de alguns direitos como o direito à educação, à cultura e à informação.
Matheus Paiva é produtor cultural e internacionalista, formado pela Universidade de São Paulo.
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