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Michelangelo, o mestre escultor do renascimento

Publicado por Victoria Louise em 28/10/2022
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Michelangelo foi um dos grandes ícones artísticos do renascimento. O criador de Pietá e David e de pinturas como o teto Capela Sistina, também era arquiteto e poeta. O que sabemos sobre sua trajetória? O que o levou a fazer seus mais famosos trabalhos e fez seu nome figurar nos livros de história da arte?

A jornada entalhada em pedra

Michelangelo, nasceu na cidade de Caprese, na Itália em 1475. Apesar de ter expressado a seu pai sobre sua vontade de se tornar um artista, foi desencorajado pelo mesmo que esperava que o filho seguisse os estudos acadêmicos tradicionais como matemática, literatura e poesia.

Entretanto, seu amigo Francesco Granacci, estudante de arte, o levou para a oficina para ver os trabalhos dos outros artistas e o encorajou a criar os próprios desenhos. Ao mostrá-los para o professor Domenico Ghirlandaio, o mesmo reconheceu a habilidade de Michelangelo e demonstrou interesse em tomá-lo como aprendiz.

Eventualmente começou seus estudos artísticos na oficina onde aprendeu técnicas de desenho, como preparar a madeira para pinturas e a técnica conhecida como Afresco.

The Seated Man

Apesar de Michelangelo ter destruído vários de seus trabalhos, alguns de seus antigos desenhos sobreviveram até os dias de hoje. Em 2019, o desenho nomeado The Seated Man (1487-88), foi analisado por Timothy Clifford, um dos especialistas sobre Michelangelo.

Este desenho, possivelmente uma representação do Deus Romano Júpiter, é o mais antigo já encontrado do artista e especula-se que ele tenha feito aos 12 anos de idade, antes de iniciar seus estudos artísticos.

The seated man. 1487-88. Michelangelo Buonarroti. Reprodução: Art Net

Os trabalhos de Michelangelo chamaram a atenção de Bertoldo di Giovanni, um escultor especializado em peças de bronze que foi pupilo de Donatello. Ele estava visitando a oficina buscando novos talentos a pedido de seu patrono, Lorenzo de’ Medici, episódio no qual conheceu Michelangelo.

Giovanni era um artista favorecido pela família de’ Medici, foi escolhido para ser o instrutor do Jardim de San Marco, local que abrigava as esculturas antigas que pertenciam à família. Por intermédio de Lorenzo de’ Medici, o maior patrono das artes na Itália, o lugar havia se tornado uma academia informal, um dos pontos de encontro mais famosos para artistas de Florença estudarem, treinarem e se inspirarem na extensa coleção.

Michelangelo inicia os estudos com o Giovanni aos 13 anos e cria suas primeiras estátuas com argila, aprendendo também a entalhar e a esculpir criando peças como Battaglia dei Centauri e Madonna della Scala.

Battaglia dei Centauri. 1492. Michelangelo Buonarroti. Reprodução: Art Special Day
Madonna della Scala. 1491. Michelangelo Buonarroti. Reprodução: Art Special Day

Quando lhe concederam uma peça de mármore ele fez o trabalho que chamou a atenção de Lorenzo, e lhe assegurou um lugar no círculo mais íntimo dos de’ Medici.

Maschera di fauno

A máscara de um fauno (1491-92) é tido como o primeiro trabalho de Michelangelo em mármore, esculpido a partir de uma antiga estátua de Sátiro do jardim dos Medici.

Lorenzo de’ Medici, impressionado com o trabalho do jovem artista, comentou que um sátiro tão velho não teria todos os dentes em sua boca. Michelangelo aceitou a crítica e rapidamente extraiu um dos dentes. A habilidade dele se tornou inquestionável para Lorenzo e assim Michelangelo ganhou seu primeiro patrono. 

A escultura é bem expressiva, sua risada revela um tom de malícia através do cenho franzido e do ângulo dos olhos do personagem. É notável a idade avançada pelas rugas próximas de seus olhos e as linhas de expressão profundas em seu rosto, além de ter dentes faltando em sua boca. O trabalho remete às máscaras utilizadas no teatro grego no século V, a.e.c.

Maschera di fauno. 1491-92. Michelangelo Buonarroti. Estátua em mármore. Reprodução: Sebastiano Satta

Dificuldades e novas oportunidades

Após período de mecenato para o trabalho de Michelangelo, Lorenzo de Medici morre e o fomento à produção do artista chega ao fim. 

Em 1794, Michelangelo conhece Gianfrancesco Aldrovandi, que lhe comissiona a finalização de três esculturas da Arca di San Domenico, em Bologna, incompletas devido à morte de seu primeiro autor.

Arca Di San Domenico. 1495. Autoria compartilhada entre Michelangelo Buonarroti, Nicola Pisano, Niccolò dell’Arca, Arnolfo di Cambio e Guglielmo Agnelli. Estátuas em mármore. Reprodução: Wikimedia
Angelo. 1495. Michelangelo Buonarroti. Estátua em mármore. Reprodução: Wikimedia
San Domenico. 1495. Michelangelo Buonarroti. Estátua em mármore. Reprodução: Wikimedia
San próculo. 1495. Michelangelo Buonarroti. Estátua em mármore. Reprodução: Wikipedia

Bacchus

Essa estátua se destaca das outras porque foi a primeira criada para ser apreciada de todos os ângulos e não apenas da visão frontal. A figura da divindade está relaxada com o vinho em suas mãos e apresenta uma aparência andrógina, jovial, com um ar distante e embriagado.

Segura uma pele de leão em sua mão esquerda, seguido por um pequeno sátiro que come as uvas que o deus distraído não parece dar falta. A uvas e a pele de leão são um simbolismo para a vida e a morte, pois ele também era relacionado aos ciclos e a reencarnação.

O sátiro comendo as uvas alegremente pode ser uma forma de mostrar que ele aproveita os prazeres da vida, proporcionados por Baco, antes que o seu momento final chegue, não por estar preocupado com a morte, mas por querer celebrar a vida, assim como a divindade que ele segue.

Bacchus. 1497. Michelangelo Buonarroti. Estátua em mármore. Reprodução: Wikimedia

Michelangelo passou algum tempo tentando encontrar novas comissões ou um novo patrono e finalmente em 1497 ele foi comissionado pelo cardeal Jean Bilheres de Lagraulas para criar um de seus trabalhos mais conhecidos.

Pietá

A mais famosa representação da virgem Maria com Jesus morto em seus braços, a peça traz os ideais do Renascimento, utilizando uma técnica popular da época, apresentando uma composição piramidal, criando equilíbrio e harmonia nas proporções, ao mesmo tempo que guia o olhar dos espectadores.
Michelangelo motivou uma ligação empática entre os observadores, que se compadecem pela dor de Maria e pela morte de Jesus, e sua obra.

Maria possui um olhar distante, apesar do ar triste permanece com uma postura elegante e contida. A aceitação da morte de seu filho, faz com que observe a cena com desesperança e serenidade.

Jesus se encontra no colo dela, da mesma forma que um filho pequeno estaria adormecido no colo da mãe. Seu corpo se apresenta sem vida, magro e maltratado pela jornada árdua e humilhante até seu fim. 

As duas figuras criam uma natureza oposta, Maria foi esculpida de forma vertical em contrapartida a Jesus deitado na horizontal. Ela está completamente vestida com tecidos drapeados, enquanto Jesus usa apenas um pequeno tecido cobrindo suas genitais.

A obra aparenta ser desproporcional pelo tamanho de Maria em contraste com Jesus, porém, há duas hipóteses sobre a escolha de Michelangelo.

Acredita-se que ela foi feita para ser vista por um ângulo contra-plongée e ficaria em perfeita proporção quando observada pelo público. A segunda hipótese sugere que o escultor buscava representar Maria, com a dor da perda, imaginando que segurava seu filho como um bebê, uma última vez em seus braços.

Pietá foi a única estátua que Michelangelo assinou com seu nome. Essa estátua levou dois anos para ser concluída mas a parte de trás não foi esculpida porque seria vista apenas de frente.

Pietá. 1498-99. Michelangelo Buonarroti. Estátua em mármore. Reprodução: Wikimedia

David

Eventualmente Michelangelo foi comissionado para esculpir David (1501), um dos heróis da mitologia cristã, em Florença. Dois escultores haviam tentado trabalhar com o mármore anteriormente, mas não tiveram êxito e o deixaram quase inutilizável.

A ideia inicial era que o personagem tivesse a cabeça de Golias em seus pés, entretanto, devido às condições do bloco de mármore, Michelangelo esculpiu David em uma postura heróica, momentos antes da batalha.

A veia saltada em sua mão que repousa ao lado do corpo retrata o quão tenso ele estava no momento, prestes a enfrentar seu grandioso oponente, até então considerado invencível.

Os olhos de David foram esculpidos de forma que apontavam para Roma, acredita-se que foi uma forma sutil de demonstrar que Florença estava atenta e pronta para se defender de qualquer ataque.

Apesar de parecer anatomicamente perfeita, a cabeça e as mãos dele são maiores do que deveriam ser para uma escultura realista. Uma teoria sobre o motivo é a de que todos possam enxergar os pequenos detalhes de longe já ela possui 5 metros e é sempre vista de um ponto inferior.

Michelangelo levou 3 anos trabalhando para completar essa obra, um símbolo que mostrava a força e coragem não apenas do personagem, mas de Florença em meio às adversidades da época.

David. 1501. Michelangelo Buonarroti. Estátua em mármore. Reprodução: Wikimedia

O Papa, a tumba e os afrescos

Michelangelo foi comissionado pelo novo papa Julius II, requisitando a criação de uma tumba para fixá-la no centro da Basílica di San Pietro, que o papa estava planejando reconstruir.

O pedido foi para que o artista criasse 40 estátuas de grande estatura. O projeto era tão trabalhoso e grandioso que ele passou os primeiros 8 meses apenas escolhendo os blocos de mármore que utilizaria.

Porém, por diversas desavenças entre o artista e o papa, Michelangelo chegou a abandonar a obra várias vezes, eventualmente coagido e obrigado a voltar a trabalhar. No fim, apenas 3 estátuas foram da sua autoria, as figuras da mitologia cristã Raquel, Moisés e Léia respectivamente.

Tumba do Papa Julius II. 1545. Michelangelo Buonarroti. Estátuas em mármore. Reprodução: Roma Non Per Tutti

No meio do projeto de sua tumba, o papa decidiu que queria que algo diferente fosse feito no teto da Capela Sistina, e escolheu Michelangelo para tomar a frente do projeto.

O artista por sua vez não queria ser responsável pela pintura da capela por não se ver como um pintor, mas sendo um pedido direto do papa, aceitou a contragosto.

Cappella Sistina

A preparação para criar o afresco levou cerca de um ano, sendo necessários ao todo quatro anos para a obra ser finalizada. As pinturas da capela contam a história do início da humanidade, segundo a visão cristã, até o juízo final.

Um andaime havia sido providenciado para que pudesse fazer o trabalho, porém ele era pendurado no teto e consequentemente deixaria furos onde estivesse posicionado. Como tais furos teriam que ser cobertos depois, Michelangelo destruiu a estrutura e criou uma passarela que facilitasse sua locomoção e seu trabalho. Ele também teve que revestir o teto e preparar os pigmentos.

O filme Agonia e Êxtase, lançado em 1965, nos EUA, foi dedicado a sua extensa e exaustiva jornada para finalizar essa pintura, focando nos reveses e desavenças que enfrentou com o Papa Julius II.

  • Scheme for the decoration of the vault of the Sistine Chapel, studies of arms and hands. 1508. Michelangelo Buonarroti. Reprodução: Michelangelo.net
  • Studies for the Libyan Sibyl, red chalk study. 1508.  Michelangelo Buonarroti. Reprodução: Smart history
Sistine Chapel. 1512. Michelangelo Buonarroti. Reprodução: wikimedia
The Final Judgment, Sistine Chapel. 1512.. Michelangelo Buonarroti. Reprodução: Wikimedia

Os frescos da capela sistina sofreram com problemas de infiltração, salitre e algumas rachaduras que começaram a surgir e estavam causando problemas às pinturas. A extensa obra de arte passou por 5 restaurações, desde 1547 até a restauração mais recente, que teve início em 1980 e durou 14 anos, liderada pelo artista e restaurador Gianluigi Colalucci, morto recentemente em 2021.

A entrada na capela sistina hoje em dia acontece mediante reserva  de ingresso e o visitante deve seguir um restrito código de vestimenta como a proibição de roupas curtas e sem mangas. Tatuagens e jóias de qualquer tipo que o Vaticano considere como uma ofensa contra a moral e contra a religião católica podem resultar na entrada do visitante ser negada.

Também há regras de conduta, como silêncio dentro da capela, o uso de celulares é desencorajado, fotos podem ser tiradas apenas de celulares sem flash, etc. Todas as regras servem tanto para proteger a integridade das obras de arte como para seguir e respeitar os preceitos católicos.

O sucesso estrondoso e a estátua incompleta

Michelangelo teve uma vida cheia de comissões, intrigas, disputas, brigas, curiosidades e trabalhos fascinantes. Todas essas informações são, em grande parte, graças a duas biografias que foram escritas sobre o artista ainda em vida. Uma delas é de autoria de Giorgio Vasari, e a outra é de seu assistente Ascanio Condivi e contém os pontos de vista mais pessoais do artista. 

Ele nunca se casou, e conforme os anos se passaram começou a se dedicar mais aos seus poemas. Porém, de todas as suas criações, uma de suas estátuas chama a atenção de forma peculiar, parecendo estar muito à frente de seu tempo.

Pietá Rondanini

Michelangelo criou várias peças mostrando a cena da morte de Jesus com Maria segurando-o em seus braços, variações da cena de sua obra prima Pietá (1498-99). Uma delas, Pietá Rondanini com certeza é uma das obras mais excêntricas do artista.

Até mesmo non finita, exala todo o drama e a dor de Maria segurando o corpo de seu filho, ainda nos primeiros estágios do luto, a negação e a raiva. Ela o segura como se fosse capaz de fazê-lo se levantar, voltar para si de alguma forma. Tal desespero faz contrapartida com a serena tristeza e desesperança da Pietá que criou anos antes. Essa foi a última obra de Michelangelo, na qual ele trabalhou até o dia de sua morte.

Studies for Pietá. Michelangelo Buonarroti. Source: Peterveres
Pietá rondanini. Michelangelo Buonarroti. 1552-64. Estátua em mármore. Source: Wikimedia

Hakai S. Ghilardi é graduado em Design Gráfico e pesquisador independente de História da Arte.

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