A artista Claudia é Mestre em Design (2015), Graduada em Design (1987) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio, e Especialista em Packaging Engineering (1993) pelo Japan Packaging Institute, Tóquio.
Com 35 anos de prática profissional, acumula uma extensa experiência nas áreas de Design e Arte, com trabalhos expostos, premiados e publicados tanto no Brasil quanto no exterior. O universo da Arte e do Design sempre fascinou a artista, que hoje trabalha ativamente nesses dois campos.
ArtSoul: Como e quando você se descobriu artista?
Tenho uma lembrança recorrente de minha infância.
Tinha por volta de oito anos e morava em um apartamento de frente para Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Era uma criança que gostava da quietude, do repouso, do vagar, do silêncio. De vez em quando – às tardes, procurava meu lugar preferido que era a janela da sala. Mas ao contrário de olhar para fora da janela, preferia deitar no chão de tapete vermelho. Algumas partículas desse tapete se desprendiam e brilhavam em movimento com a entrada do sol por uma fresta da cortina. Achava aquilo lindo e ficava muito tempo observando, absorta naqueles brilhos e movimentos. Um dia pensei: por que não vejo isso nos dias nublados? Com minha cabeça de criança comecei a escrever, inventando histórias com respostas fantasiosas. Tinha um caderninho caprichado e junto com o texto sempre vinham desenhos. Nesses momentos descobri o prazer de criar. Com o tempo passei a desenhar mais que escrever. Desenvolvi, então, mais a linguagem visual.
ArtSoul: Como funciona o seu processo criativo? E o que influencia nele?
Acho que a resposta anterior fala muito do meu processo criativo e o que o influencia.
Depois de alguns anos estudando a Criatividade conheci muitas técnicas, métodos e comportamentos para estimular a imaginação. Hoje aplico esse conjunto de conhecimentos para desenvolver meu trabalho artístico e também ensinar e incentivar meus alunos, de Artes & Design da PUC-Rio, a liberarem e acreditarem em suas ideias, sem medo do julgamento. O mindset criativo é uma habilidade importante que pode ser desenvolvida em qualquer pessoa. Não só artistas precisam da Criatividade. Independente da área em que atuamos, precisamos aprender a pensar criativamente para enfrentar os problemas de um planeta complexo e em rápida mudança.
Agora, voltando ao meu processo, o que acontece comigo é uma espécie de desbloqueio mental, de vontade de quebrar regras e padrões, de achar que não existem ideias loucas ou impossíveis. Inventar me estimula, me instiga. Existe também um aspecto emocional, psíquico, que é a busca pela experiência satisfatória, prazerosa, apaixonante. Sempre que estou criando entro em um fluxo concentrado em que posso trabalhar durante horas, sem perceber a passagem do tempo. Além disso, continuo usando meu caderninho caprichado para registrar o que me vem à cabeça, inclusive meus sonhos.
ArtSoul: Quais são seus projetos atuais no campo da arte?
Como boa geminiana que sou, gosto de ter vários projetos ao mesmo tempo! Vou falar de um deles. Estou preparando minha próxima exposição que se chamará CORPO EXPOSTO. Tenho inquietações sobre saúde, doença e autoconhecimento, que vêm com algumas divagações, imagens, conceitos, especulações, nas quais imagino minha pele transparente, permitindo a visão de todos os meus processos fisiológicos, órgãos, sistema nervoso. CORPO EXPOSTO é uma busca visual sobre o que está dentro, o íntimo e pessoal e sobre como essa consciência do interno afeta nosso bem estar. Estou usando como material para esse trabalho meus exames de imagem, principalmente ressonâncias magnéticas.
ArtSoul: Quais artistas são as suas referências, inspirações ?
Carlos Vergara, Olafur Eliasson, Anish Kapoor, Angelo Venosa, Suzana Queiroga, Kara Walker.
ArtSoul: Quais foram os principais desafios que você vivenciou ao longo de sua carreira?
Acho que o principal desafio é ser uma artista independente.
ArtSoul: Agora , para encerrar , fale :
Uma obra de arte– “The Weather Project” de Olafur Eliasson
Um livro– Armas, Germes e Aço, de Jared Diamond
Um filme ou serie– Hypernormalization, de Adam Curtis
Uma musica– ABRE, de Fito Paez
Um lugar– Qualquer lugar onde eu possa criar.
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