Amadeo Luciano Lorenzato (1900-1995) é homenageado em publicação da Ubu Editora lançada no último mês; a organização é do crítico e curador Rodrigo Moura. Dedicado há mais de 20 anos na pesquisa da obra do artista, Moura afirma que a obra do artista tem circulado com mais frequência para fora de Minas Gerais apenas entre os últimos 5 e 10 anos. Se tivesse que definir Lorenzato em algumas palavras, gostaria de frisar o aspecto polimorfo, mutante e multifacetado da sua obra.
O artista, nascido em Minas Gerais, estudou na Reale Accademia delle Arti, no norte da Itália e tinha olhar acurado para as paisagens pelas quais passava. Seu corpo de obras mais conhecido data do período entre 40 e 90, quando esteve de volta à Belo Horizonte e se dedica à pintura figurativa, que em certa medida, flerta com a abstração.
As obras, estimadas entre 3 a 5 mil pinturas, partem de uma materialidade forte entre texturas e volumes quase escultóricos. Usava constantemente materiais incomuns como um pente para “riscar” a tela e imprimir textura na camada de tinta.
Para além do tema, que caminhava por paisagens e natureza-morta, o que impressiona nas cenas criadas por Lorenzato é a composição pictórica. Posicionado na esteira da produção modernista no país, explorou as cores quentes e terrosas do Brasil e as formas desapegadas de realismo, mas carregadas de dramaticidade.
Segundo a editora, “assim como outros artistas chamados preconceituosamente de primitivos ou ingênuos, Lorenzato recorreu a fontes populares, reprocessando-as com referências eruditas dentro de uma perspectiva não hierárquica. Sua obra deve, pois, ser compreendida como parte da modernidade tardia brasileira.”
A publicação conta com 150 reproduções de pinturas a óleo, desenhos, afrescos e guaches do artista, em 272 páginas, compondo a maior monografia disponível sobre a obra de Lorenzato. Outros
Victoria Louise é jornalista cultural, formada em Crítica e Curadoria da Arte e Gestão Cultural pela PUC-SP.
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