Nascido em Campo dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro, no dia 24 de abril de 1943, Danilo Santos de Miranda completaria quatro décadas como diretor do SESC-SP no ano que vem. Inspiração e referência no setor cultural do país, era membro dos conselhos de entidades como a Fundação Bienal de São Paulo, o Itaú Cultural, o MASP e o MAM-SP. Foi, também, presidente do Comitê Diretor do Fórum Cultural Mundial, em 2004. Seu velório aconteceu na manhã deste dia 30, no Sesc Pompéia.
Sua trajetória no Serviço Social do Comércio (Sesc) começou em 1968, como orientador de público. Interessado pela cultura desde sua infância, assumiu a direção do Sesc no Estado de São Paulo em 1984.
Sob sua gestão, o Sesc expandiu-se em todos os sentidos. A instituição tornou-se referência na promoção do acesso à cultura, ao esporte e ao lazer. Felipe Machado, músico e jornalista, comenta em sua homenagem à Miranda como “[o] Sesc é um sonho para qualquer artista”; assim como Karina Sérgio Gomes, também jornalista, conclui: “em 40 anos, Danilo Miranda criou no Sesc-SP um oásis para os trabalhadores da cultura”.
No campo das artes, o Sesc promoveu diferentes formatos de expressão artística, com atenção especial para o teatro. Lançou artistas e também trouxe para seus espaços nomes renomados. De olhar progressista, Danilo dava valor especial às expressões transgressoras e as defendia quando atacadas e censuradas. Natália Mallo, artista e curadora, relembra a posição de Miranda quando a peça “Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” enfrentava oposição conservadora quanto à sua exibição nas unidades do interior de São Paulo: “a programação está mantida”.
Miranda tinha uma visão ampla de cultura. Considerava tudo feito pela intervenção humana como cultura. Seja a ciência, a educação formal e, claro, a arte. Durante seus anos no Sesc, via o trabalho da Instituição como uma educação informal permanente, “através do teatro, da música, da dança, das artes visuais, para todos os tipos de pessoas”. Não só para São Paulo, mas para todos do país, o trabalho realizado pelo Sesc ganhou enorme reconhecimento sob sua gestão. Tanto que Miranda era carinhosamente considerado por muitos o Ministro da Cultura informal – sendo uma das figuras mais relevantes para o cenário cultural no país.
Outras personalidade do setor cultural compartilharam seu luto através das redes sociais. Ale Youssef – ex-secretário de cultura de São Paulo – comenta que Miranda foi um “alicerce da arte paulista”, de “legado tão impactante que é impossível de ser calculado”.
Neste dia 30, o Ministério da Cultura divulgou nota de pesar, lamentando o falecimento do gestor cultural “pensador e formulador de projetos artísticos e culturais dos mais relevantes do país”. Miranda declarou, em 2022, para o Itaú Cultural, na série “Trajetórias”, que encarava como missão a “tentativa de mudar o mundo”. E assim foi.
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