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Quando o ovo vira arte: Coleção Casca impressiona com desenho criativo e sustentável

Publicado por Victoria Louise em 07/08/2023
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  • Design
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  • arte contemporânea
  • coleção casca
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Estúdio Monterraro aposta no minimalismo com personalidade e dá nova finalidade ao ovo do dia a dia

Antonio Garcia e Pâmela Oliveira queriam provocar o público com a nova coleção do Estúdio Monterraro — e conseguiram. Através de Casca, os consumidores e admiradores de design ficaram impressionados com a inovadora ideia de transformar resíduos do ovo em peças de design. A dupla queria usar uma matéria-prima diferente e pouco usual para criar a coleção. Olhando para o próprio prato e para as galinhas do sítio da família, acharam no banal, em um ovo, o que viria a ser extraordinário. 

“As pessoas percebem as obras primeiro com curiosidade, depois com surpresa e incredulidade. Quando falamos que as peças são feitas com cascas de ovos, ouvimos respostas como: ‘Mentira!’, ‘Mas é casca de verdade mesmo?’ e até umas bem diferentes, como ‘Eu pensei que era tapioca!’. Essa parte é sempre muito divertida. Depois, quando a ficha cai, é legal também porque acontece uma identificação instantânea”, explica Pâmela.

É justamente isso que fideliza o público à Monterraro. São clientes que costumam chegar por intermédio de profissionais da arquitetura e da decoração de interiores, mas se envolvem com a proposta mais sofisticada, cheia de conceito e criatividade da marca, que nasceu com a ideia de ser uma marcenaria. “Estão à procura de produtos que iniciem conversas, que intriguem, que causem estranhamento”, frisa a designer.

Antonio Garcia e Pâmela Oliveira, do Estúdio Monterraro

A coleção Casca

A mais nova e irreverente criação de Antonio e Pâmela brinca com as formas e nomes dos componentes do ovo. A dupla de mesinhas ganha a alcunha “omelete”, há um abajour que parece exatamente com meia casca, o “gema”. Já a dupla charmosa de vasos é chamada de “frito” e “cozido”.

Quando se desafiaram a criar algo inusitado, a ideia era desenvolver uma única peça. Como já tinham um histórico de criação de vasos de madeira, pensaram em fazer um vaso para plantas, que logo viraram dois, os primeiros a saírem do papel. 

“Suas formas foram inspiradas na gema quando estoura e escorre para todo lado. Gostamos tanto do resultado, que continuamos criando. As peças seguintes surgiram naturalmente, sempre bebendo da mesma fonte”, detalha Pâmela Oliveira.

Segundo ela, o produto mais rápido de ser executado foi a Luminária Gema, desenvolvida após a dupla ter aprendido bastante com o processo de desenvolvimento dos outros itens da coleção.

Apesar de traços simples e estética clean, o minimalismo desenvolvido pela Monterraro passa bem longe do que recentemente virou alvo de uma discussão nas redes sociais. Recentemente, o apagamento da personalidade de marcas e projetos, sob a fantasia do minimalismo, passou a ser visto como vilão.

No caso de Casca, o minimalismo se apresenta de forma essencial e sem excessos. Mas é praticamente impossível afirmar que as peças são simplórias. Há mais personalidade do que usar casca de ovo como matéria prima de objetos de design?

“Essa coleção tem a identidade brasileira na sua essência — e isso, por si só, já fala sobre sua personalidade. O ovo é a proteína animal mais consumida no país, mas ninguém espera vê-lo numa escultura ou numa luminária de mesa. O mais interessante de Casca é isso: ela consegue transformar algo absolutamente comum em algo absolutamente inesperado”, defende Pâmela.

Design sustentável

O ovo é a proteína animal mais consumida pelos brasileiros, mas o destino de sua casca costuma ser o lixo comum — ainda que pudesse ter um fim mais sustentável, como a compostagem, por exemplo. Dessa forma, os sócios da Monterraro apenas juntaram a fome com a vontade de comer, e deram origem a uma coleção repleta de criatividade e ancorada na sustentabilidade, um dos pilares do estúdio. 

Para conseguir tanto ovo, uniram seus trabalhos com o de uma empresa que comercializa claras e gemas já separadas para representantes da indústria alimentícia do Rio Grande do Sul. As cascas que, até então, eram descartadas, agora são reaproveitadas.

O olhar para o meio ambiente não é inédito para os criadores. Em 2022, eles desenvolveram Resgate, uma coleção que foi produzida com madeiras recuperadas, que virariam lenha também no estado, mas acabaram como itens de decoração e deram origem a vasos únicos e cheios de personalidade. 

Quebrando os ovos

O processo de confecção das peças da coleção Casca é trabalhoso e os designers colocam literalmente a mão na massa. Após o recebimento do material, as cascas passam por uma triagem, seguida por uma preparação, higienização, secagem, tritura, até serem acrescidas de outros componentes para serem moldadas.

Tudo isso garante que o ovo se torne resistente antes de ser integrado aos objetos de madeira. “É cansativo, mas vale muito pela surpresa das pessoas ao descobrirem que as peças são feitas com cascas de ovos de verdade”, frisa a designer.

Com quantos ovos se faz uma coleção?

Confira a seguir quantas cascas de ovos foram utilizadas para produzir as peças assinadas pela Monterraro e o quanto equivale no consumo do alimento pelos brasileiros, de acordo com cálculo baseado no Relatório Anual da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), edição 2022, referente ao ano de 2021:

  • Luminária de mesa Gema é feita com 480 cascas de ovos. Um brasileiro consome essa quantidade de ovos em 682 dias;
  • Luminária de mesa Clara leva 705 cascas de ovos, o que é consumido 1001 dias pelos brasileiros;
  • Escultura de mesa Poché é feita com 165 cascas de ovos, o que é consumido em 234 dias pelos brasileiros; 
  • Mesa de apoio Omelete é feita com 405 cascas de ovos, o que é consumido em 575 dias pelos brasileiros;
  • Par de mesas omelete tem 810 cascas, o que equivale a 1150 dias de consumo;
  • Vaso Frito é feito com 165 cascas de ovos, o que equivale a 234 dias de consumo;
  • Vaso Cozido é feito com 240 cascas de ovos, o que equivale a 341 dias de consumo;
  • Centro de mesa Mollet é feito com 315 cascas de ovos, o que equivale a 447 dias de consumo. 

Luiza Leão é jornalista, repórter e apresentadora. Já trabalhou em veículos como Notícias da TV, CBN, Terra e Estadão. Pernambucana radicada na Bahia, atualmente vive em São Paulo.

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