O Prêmio Vozes Agudas para Mulheres Artistas cresceu! Depois do sucesso da primeira edição – que premiou cinco artistas, ofereceu duas vagas para uma residência na Usina de Arte, em Água Preta (PE), e selecionou mais 30 nomes para mostras coletivas apresentadas nas galerias Jaqueline Martins, em São Paulo, e Karla Osório, em Brasília –, a Chamada VoA 2022-2023 para Mulheres Artistas e Pessoas Não Binárias é mais ambiciosa. Para as integrantes, a abertura do edital para pessoas não binárias é um reconhecimento da relevância das produções artísticas desse grupo. A finalidade da iniciativa é ampliar a visibilidade de coletivos e artistas emergentes que estejam fora dos circuitos consagrados da arte contemporânea.
Em julho, foram divulgadas as cinco vencedoras do Prêmio, contempladas com a quantia de R$ 1.000,00, acompanhamento artístico de profissionais ligados/as ao Ateliê397 e textos críticos sobre seus trabalhos, assinados por membras do Vozes Agudas, além da participação na exposição coletiva em parceria com a galeria Vermelho. As cinco premiadas, que fazem parte do Núcleo VoA, são: Azizi Cypriano (RJ); Julia Saldanha (RJ); Mariana Rodrigues (SP); Olinda Yawar Tupinambá (BA); e Sy Gomes (CE). [Saiba mais sobre elas, abaixo].
Fizeram parte do júri de seleção: Horrana Santoz, curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Kássia Borges, artista da etnia Karajá (Iny) e professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU); e Vulcanica Pokaropa, artista e uma das premiadas no I Prêmio Vozes Agudas para Mulheres Artistas (2021); além de integrantes do coletivo Vozes Agudas.
Durante o mês de agosto, foram anunciadas as seis artistas selecionadas para participar de quatro residências em vários estados do país. Beatriz Paiva, de Belém (PA), e Mikaelly Raielly, mais conhecida como Mika, de Teresina (PI), foram escolhidas para integrar a Residência Uberbau, em São Paulo. O projeto Xique-Xique, em Igatu (BA), recebe Thaís Iroko. Quem participa da Kaaysá, em São Sebastião (SP), é Thiá Sguoti, de São Paulo (SP). Repetindo a parceria do primeiro Prêmio Vozes Agudas, a Usina de Arte, no Recife (PE), oferece vagas para Maria Macedo, de Juazeiro do Norte (CE), e Yara Pina, de Goiânia (GO) [Conheça as residências e as/es selecionadas/es, abaixo].
Nesta semana, foi divulgada a seleção de mais 17 artistas que participarão da mostra coletiva que abre no dia 24 de setembro. Os trabalhos serão expostos em dois lugares: a sede do Ateliê397 e o galpão da galeria Vermelho, que recebe sua primeira exposição. A representação conta com pessoas do Nordeste ao Sul do país e preocupou-se, ainda, em dar espaço para a produção de artistas trans e não binárias. [Confira a lista, abaixo].
Entre prêmios, residências e seleção de trabalhos para a mostra coletiva, a Chamada Vozes Agudas (VoA) 2022-2023 já abriu espaço para 25 artistas, sendo 18 mulheres cis, três pessoas não binárias, três trans e uma travesti. Além de dar visibilidade a profissionais ainda sem reconhecimento institucional e de mercado, a Chamada VoA está montando um arquivo com todas as inscrições recebidas.
Somando a primeira edição com a atual, o banco de dados reúne informações e portfólios de quase 1.600 artistas – que vêm chamando a atenção de curadores que procuram, para suas exposições, por diversidade de profissionais emergentes sem inserção ou recente entrada no mercado. Ao juntar esse material, o coletivo mapeia a produção de artistas mulheres e não binárias de todo o país, tornando-se uma importante referência para a pesquisa sobre a produção brasileira de artes visuais.
A Chamada VoA é um projeto de longa duração, que vai promover ações durante o biênio 2022-2023 – a exemplo da primeira edição do Prêmio, que aconteceu em 2020 e se prolongou até 2021, com a exposição Amarração, no Ateliê397. A mostra apresentou mais 15 artistas – todas inscritas na primeira edição do edital.
A Chamada VoA conta com o apoio e o financiamento de colecionadoras e colecionadores de arte e apoiadores do Ateliê397, ao qual o Vozes Agudas está associado. Para a realização de novas ações da Chamada, o coletivo continua em busca de novos investimentos.
Azizi Cypriano (Rio de Janeiro, RJ, 1998). Artista, escritora e pesquisadora. Elabora estruturas relacionadas aos epistemes ancestrais e investiga, na espiral do tempo, as múltiplas formas de construir coisas com as próprias mãos.
Julia Saldanha (Rio de Janeiro, RJ, 1986). É artista e pesquisadora. Em sua atividade artística, desenvolve uma pluralidade de gestões e ações.
Mariana Rodrigues (Osasco, SP, 1995). Sua prática pictórica abstrata está ligada à cosmovisão de matrizes africanas e do antigo Kemet, conhecido como antigo Egito.
Olinda Yawar Tupinambá (Pau Brasil, BA, 1989). Trabalha com cinema. Suas preocupações se concentram na problemática social de grupos minoritários, especialmente indígenas, e na questão ambiental planetária.
Sy Gomes (Eusébio, CE, 1999). Faz música, performance, instalação, criação ritualística, produção cultural e musical, design e paisagismo. Dedica sua pesquisa visual à chamada “receita para criar novas espécies”.
Uberbau_house (São Paulo, SP). Criado em 2016 pela equipe da Curatoria Forense, é um centro de pesquisa e programa de residência de pesquisa em arte contemporânea focada na América Latina. Mantém contato permanente com uma rede de colaboradores, composta de mais de 60 trabalhadores de arte em 22 países.
Beatriz Paiva (Belém, PA, 1996). A artista investiga a relação entre arte e cidade, gênero e sexualidade, focando a afetividade da mulher negra lésbica, a ancestralidade diaspórica e a territorialidade, assim como a saúde mental da população negra e mapas afetivos.
Mikaelly Raielly (Teresina, PI, 1994). Mais conhecida como Mika, é arte-educadora. Pesquisa tingimento e pigmento natural em colagens, a partir da memória de materiais utilizados em remédios naturais, tendo como ponto de partida a oralidade e a escuta dos mais velhos.
Xique-Xique (Igatú, BA). Trata-se de uma residência de dez dias, em que a artista participante vai conviver com uma pequena comunidade nas ruínas de uma antiga e importante reserva de diamantes do início do século 20 no Brasil. A residência promove pesquisa, produção, imersão e contato com a natureza, junto à comunidade e ao Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Thaís Iroko (Rio de Janeiro, RJ, 1992). É artista visual, arte-educadora e graduanda do curso de Engenharia Agronômica da UFRRJ. Integra o movimento Nacional Trovoa e a coletiva de arte urbana Preta Pinta Preta.
Usina de Arte (Água Preta, PE). É um projeto artístico-botânico, sediado na antiga Usina Santa Terezinha. O espaço surgiu como um instrumento de renovação, impulsionando uma nova forma de ocupação ambiental, econômica e cultural na comunidade.
Maria Macêdo (Juazeiro do Norte, CE, 1966). É artista e pesquisadora. Evocando a força ancestral da vida no campo, encontra, em suas vivências na terra, o caminho que guia o seu fazer artístico enquanto artista agrícola, retirante e fertilizadora de imagens.
Yara Pina (Goiânia, GO, 1979). É bacharel em Biblioteconomia e Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás. Em seus trabalhos, investiga os rastros de memória da violência, a ausência e o desaparecimento do corpo na performance.
Kaaysá (São Sebastião, SP). Residência voltada para artistas, escritores e outros criadores que desejem desenvolver sua poética a partir do contato íntimo com a mata atlântica brasileira, o mar e a comunidade de pescadores, caiçaras e indígenas que habitam seu entorno. É uma organização autônoma que contribui para o desenvolvimento artístico por meio da construção de uma rede criativa e colaborativa.
Thiá Sguoti (São Paulo, SP, 1995). É uma artista trans não binária, licenciada em Artes Visuais, cuja pesquisa envolve poéticas em torno da figura da sereia e suas experiências e reflexões em meio ao cistema.
Ana Raylander Mártis dos Anjos (SP, 1995)
Arorá (RJ, 2000)
Carolina Itzá (SP, 1983)
Caroline Ricca Lee (SP, 1990)
Geoneide Brandão (PE, 1999)
Joana Burd (RS, 1991)
Laiza Ferreira da Silva (RN, 1988)
Maria Cristiane (RJ, 1983)
Mayana Redin (RJ, 1984)
Milla Jung (PR, 1974)
Mais as integrantes do Núcleo VoA:
Azizi Cypriano ( RJ, 1998)
Julia Saldanha (RJ, 1986)
Mariana Rodrigues (SP, 1995)
Olinda Yawar Tupinambá (BA, 1989)
Sy Gomes (CE, 1999)
Nalu Rosa (SP, 1989)
Nanny Ribeiro (MA, 1989)
Natalie Braido (SP, 1996)
Natalie Mamani (SP, 1995)
Nati Canto (SP, 1992)
Raquel Nava (DF, 1981)
Rap Plus Size (SP)
Tetê Lian (SP, 1998)
Yara Dewachter (SP, 1968)
Formado por pesquisadoras, curadoras, produtoras, artistas, educadoras e gestoras, o Vozes Agudas é um coletivo feminista de estudos e intervenções que discute o lugar da mulher no circuito das artes e fomenta projetos de resistência para questionar e enfrentar o apagamento da atuação feminina nas artes visuais. Entre suas iniciativas está a construção de plataformas que dão visibilidade a agentes que ainda se encontrem à margem, como a produção de podcasts, exposições, cursos e a Chamada VoA para Mulheres Artistas e Pessoas Não Binárias. Atualmente, fazem parte do coletivo: Anelise Valls; Bruna Fernanda; Guillermina Bustos; Khadyg Fares; Leticia Ranzani; Licida Vidal; Tania Rivitti; e Thais Rivitti.
Um dos espaços de arte mais longevos e relevantes de São Paulo, o Ateliê397 oferece uma programação variada e aberta ao público. Tendo como eixos de atuação a formação, a experimentação e a inclusão, o espaço realiza cursos, debates, exposições e residências. Focado na diversidade e no pluralismo, propõe diálogos com artistas, curadores e gestores culturais.
Divulgação do coletivo Vozes Agudas; autoria de Karina Sérgio Gomes.
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